Estadão

Festival de Verão cresce com aposta em grandes encontros

O Festival de Verão de Salvador 2024, apresentado no sábado, 27, e domingo, 28, mostrou que o evento, uma tradição de janeiro da capital baiana em sua 25.ª edição, quer entrar para o calendário dos grandes festivais de música do País. Em relação à edição passada, uma grande novidade foi a montagem de dois palcos separados, induzindo o público a movimentar-se mais pelo Parque de Exposições de Salvador, onde o festival ocorre.

Na parte artística, a aposta foi, mais uma vez, em grandes encontros, novidade trazida no ano passado pelo diretor artístico Zé Ricardo.

Segundo show da noite, o "Iza chama Liniker" valeu pelo dueto em <i>Isn t She Lovely?</i>, hit de Stevie Wonder.

Liniker, aliás, foi muito bem recebida pela plateia. Juntas, ela e Iza também cantaram <i>Baby 95</i>, em um tom que deixou Iza exposta vocalmente. No mais, ela fez seu show habitual e menos brilhante do que o apresentado no The Town. Mas se saiu bem em sucessos como <i>Talismã</i> e <i>Fé nas Maluca</i>.

Já o que a banda liderada por Russo Passapusso mostrou ao lado de Carlinhos Brown foi um encontro do som afro-latino, que ambos manejam muito bem. Dentro dessa concepção, houve versões jamais ouvidas do bolero <i>Quizás, Quizás, Quizás</i> e do clássico <i>Na Baixa do Sapateiro</i>, de Ary Barroso, além de canções do repertório do Baiana e de Brown.

Batizada de "Paredão Patuscada", a apresentação repetiu com o público o que se viu no ano passado, quando o Baiana se uniu ao Olodum: um delírio coletivo deflagrado pela irresistível mistura da música baiana atual com a ancestral.

Com um figurino que lembrava as pinturas corporais da Timbalada, Ivete Sangalo chegou com uma banda diferente da habitual, com uma roda de timbal que deu o tom da percussão de seu novo sucesso, <i>Macetando</i>, música que lançou ao lado de Ludmilla e que desponta como um dos hits do carnaval.

Além de seus sucessos – <i>Festa</i>, <i>Sorte Grande</i> e <i>Eva</i> – Ivete homenageou a música baiana com hits como <i>Faraó</i>, conhecida na voz de Margareth Menezes, e <i>Pérola Negra</i>, de Daniela Mercury.

Já com o público nas mãos, a cantora pediu respeito ao povo negro e à cultura da Bahia. Comemorando 30 anos de carreira e 25 de festival, explorou como ninguém a passarela que a levava para o meio do público. Por duas vezes, se ajoelhou para beijar fãs. Puro carisma.

<b>Segundo Dia</b>

<i>Transa</i> no Festival de Verão de Salvador poderia ter sido o show no lugar certo – afinal, Caetano Veloso criou o lendário disco depois de uma rápida visita à Bahia durante seu exílio em Londres – no momento errado. Caetano subiu ao palco por volta de 0h30. Logo após o apoteótico show de Léo Santana, o rei do pagodão baiano.

<i>Transa</i> é o aposto do clima de festa de Santana. É introspectivo, nostálgico. Mas Caetano é Caetano, sobretudo na sua Bahia. Impôs o "silêncio" necessário para que o festival ouvisse músicas como <i>You Don t Know Me</i>, <i>Maria Bethânia</i> e <i>It s a Long Way</i>, todas cantadas pelo público. Até mesmo <i>The Empty Boat</i>, que nem de <i>Transa</i> é.

Segunda atração do último dia do festival, Glória Groove deixou de lado certa megalomania de cenários e adereços que exibiu no The Town. Sem tantas distrações, sua música pop turbinada pelo funk se sobressaiu e a plateia também cantou em <i>Leilão</i>, <i>Vermelho</i> e <i>A Queda</i>.

Com o cantor Péricles, seu convidado, ela cantou <i>Overjoyed</i>, de Stevie Wonder, e <i>Anjo</i>.

E Thiaguinho, enfim, fez sua estreia no festival, com seu <i>Tardezinha</i>. Pisando em solo do pagodão baiano, o cantor se sentiu seguro em sucessos, como <i>Ousadia</i> e <i>Alegria</i>, <i>Falta Você</i>, <i>Buquê de Flores</i> e <i>Poderosa</i>.

Pela quarta vez no evento, o cantor e compositor Lulu Santos não costuma ter problema para empolgar o público, já que tem uma lista de hits. Cantou todos eles. Não tinha como errar: <i>O Último Romântico</i>, <i>Assim Caminha a Humanidade</i> e <i>Tudo Azul</i>.

Quem trouxe alguma novidade foi Gabriel, O Pensador, seu convidado. Ele exaltou parceria com Gabriel: "Demorou para eu encontrar uma parceria artística que realmente compensa", disse Lulu.

Pensador mostrou <i>Maresia 2</i>, música que lançou recentemente com participação do rapper Xamã e de Lulu. Ao cantar <i>Lua de Mel</i>, Lulu mudou a letra para homenagear a amiga, a cantora Gal Costa: "Eu tô morando no pedaço do céu, ouvindo Gal Costa."

<b>Promessa</b>

Em entrevista ao <b>Estadão</b> dias antes de sua apresentação no festival, Daniela disse que seu show, com o Ilê Aiyê e a cantora Margareth Menezes como convidados, iria colocar o bloco afro como protagonista. E cumpriu a promessa.

Com um vestido vermelho, Daniela entrou no palco para cantar <i>O Canto da Cidade</i> como se anunciasse que as cores de Salvador fossem as do Ilê, nascido há 50 anos na capital baiana.

Ao cantar <i>O Mais Belo dos Belos</i>, música que está em seu disco de 1993 e que fala sobre o Ilê, Daniela deu a deixa para que a percussão e os dançarinos do bloco entrassem no palco.

Margareth Menezes entrou no palco vestida de amarelo, outra cor presente no bloco. Mais à vontade do que em janeiro de 2023, quando havia acabado de assumir o Ministério da Cultura, matou a saudade do carnaval baiano – no qual estará neste ano – com os sucessos <i>Faraó</i>, <i>Divindade</i>, <i>Raça Negra</i> e <i>Dandalunda</i>.

Daniela, Margareth e Ilê terminaram o show juntos, em uma mensagem de que blocos afros como o Ilê merecem também o protagonismo na folia.

As informações são do jornal <b>O Estado de S. Paulo.</b>

Posso ajudar?