Estadão

Festival de Verão de Salvador: encontros apoteóticos e ensaio para o carnaval

Após dois anos de hiato por conta da pandemia, o Festival de Verão de Salvador, no Parque de Exposições, voltou ao calendário oficial da capital baiana antecipando o que promete ser um grande carnaval na cidade.

No primeiro dia, ocorrido no sábado, 28 de janeiro, se apresentaram nomes como os rappers Felipe Ret e Orocchi. Criolo, Ney Matogrosso, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Margareth Menezes, Ivete Sangalo. Larissa Luz, Majur, Carlinhos Brown, o grupo Àttoxxà, Duda Beat e Luedji Luna. De acordo com a organização, o público de sábado foi de 40 mil pessoas.

A proposta deste ano, coordenada pelo produtor Zé Ricardo, consultor artístico do Festival, era o encontro de artistas no palco. Assim, as apresentações foram chamadas de, por exemplo, Criolo convida Ney Matogrosso, Ivete Sangalo convida Luedji Luna. Gilberto Gil convida Caetano Veloso, entre outros.

Criolo pede fim do extermínio indígena e chama Ney Matogrosso ao palco
O rapper Criolo foi a terceira atração da noite. O show foi aberto ao som de tambores e com Criolo puxando o coro de "Chega de extermínio do povo indígena" – repetido pela plateia.

Criolo abriu o show com as canções Ogum, Pretos, Esquiva da Esgrima, reforçando o caráter político/social de seu repertório.

Convidado de sua apresentação, o cantor Ney Matogrosso, aos 81 anos, foi ovacionado pela plateia. A recepção dispensada a Ney mostra que o público, sobretudo os jovens, tem recebido muito bem os medalhões da MPB em festivais pelo Brasil.

Junto com Criolo, Ney, vestindo calça jeans e uma blusa de paetê prata, cantou Eu Quero é Botar Meu Bloco na Rua, que faz parte de sua turnê atual, assim como Jardins da Babilônia, do repertório de Rita Lee.

Entretanto, as duas canções que levantaram de vez a plateia são das décadas de 1960 e 1970: Sangue Latino, da época de Secos & Molhados, no qual Ney enfatizou "O que me importa é não estar vencido", e o forró Homem com H, este último, com direito à provocação para a plateia, bem ao seu estilo.

<b>Caetano Veloso e Gilberto Gil homenagearam Gal Costa</b>

Gilberto Gil abriu sua apresentação, acompanhado da família no palco, ao som de seus principais sucessos. Vamos Fugir, Tempo Rei, Esotérico, Andar com Fé e Back in Bahia.

A entrada de Caetano no palco se deu ao som de São Salvador, música de Dorival Caymmi que exalta a capital baiana. Um pouco antes, Gil comemorou o fato da cidade "estar cheia" e da volta dos eventos depois da pandemia.

Gil tocou sua guitarra para Caetano cantar Sem Samba Não Dá, música de seu mais recente álbum, Meu Coco, que ganhou destaque. Em seguida, Caetano disse que os dois cantariam uma das poucas composições que fizeram juntos.

"Essa canção nós fizemos para Gal cantar e vamos cantar agora para ela", disse. "Para sempre, Gal", arrematou Caetano. A plateia cantou junto e a temperatura da apresentação subiu.

A próxima canção, Odara, foi executada com arranjo referente à gravação original de Caetano, do disco Bicho. Gil e Caetano encerraram sua apresentação com A Luz de Tieta, de refrão irresistível para a plateia, e Toda Menina Baiana.

Eles foram sucedidos no palco pelo encontro entre Carlinhos Brown e o grupo Àttoxxà, algo cheio de simbologia dentro da música afro pop baiana. A banda abriu a apresentação com O Guarani, do maestro Carlos Gomes. Brown pediu uma maior participação do público – no que foi atendido.

Brown prestou homenagem a Erasmo Carlos ao chamar para o palco a cantora e compositora recifense Duda Beat. Eles cantaram juntos Mais Um Na Multidão, parceria de Brown e Marisa Monte, gravada por Erasmo.

A cantora e agora ministra Margareth Menezes participou do festival e recebeu no palco as cantoras Larissa Luz e Majur. Margareth, que pouco antes de subir ao palco disse à imprensa que não estava no festival para falar sobre questões do Ministério da Cultura, ao se dirigir à área do camarim após sua apresentação, foi saudada com gritos de "ministra" por um grupo de fãs.

<b>Larissa Luz foi anunciada como sucessora de Margareth no comando do Bloco dos Mascarados.</b>

Ivete Sangalo antecipa temperatura do carnaval baiano
Assim como o Festival de Verão, o carnaval de rua de Salvador também volta a ocorrer neste ano após o isolamento em função da pandemia de covid.

A cantora Ivete Sangalo, que neste ano vai abrir a folia baiana, com transmissão ao vivo da TV Globo, lançou recentemente o EP Chega Mais, com cinco músicas voltadas para o carnaval.

"Aqui é o ensaio para o que será o carnaval", disse a cantora ao público.

No palco do festival, Ivete cantou as novas Cria da Ivete, Rua da Saudade e Se Saia. De sucessos, So Love, Tá Solteira, Faraó Olodum e Beleza Rara.

Em participação especial, Luedji Luna cantou a lambada Chorando Se Foi e Acalanto. Em presença não anunciada anteriormente, Vanessa da Mata dividiu com Ivete a música Tudo Bateu, que elas gravaram juntas, e Eva.

O Festival de Verão de Salvador continua neste domingo, 29 de janeiro, com apresentação de nomes como Xamã, Gilsons, Jão, Pitty, Léo Santtana, Alcione, Luiza Sonza, Ludmilla, entre outros.

Para 2024, a produção anunciou, na noite de sábado, as cantoras Daniela Mercury e Iza.

Posso ajudar?