Variedades

Festival Dogma traz a nata da cena indie e experimental

Diretora e produtora, Monique Gardenberg tem know-how em erguer festivais de música como poucos no País. Foi por meio de sua empresa, a Dueto Produções, que ela criou eventos históricos, como Free Jazz Festival e Tim Festival. Com carreira também dedicada ao cinema e ao teatro, Monique está de volta ao formato. Com produção do Sesc, a partir de uma criação da Dueto, tem início nesta quinta, 27, o Festival Dogma, que será realizado até 6 de julho, no Sesc Pompeia (R. Clélia, 93; R$ 50), incluindo Comedoria, Teatro e Deck. O diferencial desta vez? O festival foi idealizado para colocar no palco artistas importantes da cena independente e experimental, tanto nacional quanto internacional.

Para reunir a crème de la crème na programação, Monique contou novamente com a curadoria de Hermano Vianna e Ronaldo Lemos – que, agora, ganhou o reforço do diretor de teatro Felipe Hirsch. Norteados pela proposta de surpreender o público brasileiro com uma combinação de novos sons, ideias e ousadia, eles chegaram a 14 artistas, que se vão apresentar ao longo de seis dias de festival. E que valem a pena ser conhecidos – e vistos ao vivo.

“Tanto eu quanto o Hermano e o Ronaldo tínhamos saudade de trazer novos nomes ao Brasil, artistas que não são conhecidos aqui”, conta Monique, referindo-se a uma das missões do Tim Festival, realizado entre 2003 e 2008 e que tinha um palco, o Lab, dedicado à cena indie. Com o Festival Dogma, a equipe retoma esse braço do saudoso Tim Festival. Entre as atrações do novo evento, está a banda Senyawa, da Indonésia, que abre o festival, nesta quinta, 27, às 21h30, mesclando tradições folclóricas e música experimental. No dia 28, o coletivo canadense A Tribe Called Red faz show misturando reggae, hip-hop, entre outras sonoridades.

No dia 29, é a vez da cantora baiana Majur, que foi elogiada por Caetano Veloso (“É um negro lindo, não binário, canta muito”) e que participou da potente canção AmarElo, com Emicida e Pabllo Vittar. No mesmo dia, também sobe ao palco o jovem cantor sul-africano Nahkane. Ao se referir a ele, o The Guardian afirmou: “Há uma ousadia irresistível no cantor sul-africano em ascensão, que abandonou a religião e abraçou sua sexualidade”.

No dia 4 de julho, destaque para o músico egípcio Ahmed El Ghazoly, o Zuli, que alia ritmos como hip hop e techno com sonoridades árabes. Ben LaMar Gay, que transita por vários estilos, como indie rock, ritmos brasileiros e eletrônico, se apresenta no dia 5 de julho. E, no dia 6, a banda suíça Zeal & Ardor, que mistura black metal com soul, blues e gospel, encerra o festival. A programação traz ainda o produtor americano Yves Tumor, que se apresenta com o cantor americano Hirakish; a dupla sul-africana Faka; a banda brasileira Teto Preto; Chino Amobi, americano filho de pais nigerianos; Mariá Portugal, baterista e produtora musical; o compositor e produtor Vitor Brauer; e o trio de música eletrônica carioca Tantão e os Fita.

Monique conta que a ideia do festival nesses moldes nasceu de uma brincadeira dela que foi levada a sério por Jeffrey Neale, um de seus sócios na Dueto. No ano passado, a proposta foi apresentada a Danilo Santos de Miranda e Rosana Cunha, do Sesc, que abraçaram o projeto. E o que guiou a curadoria nessa radiografia global da música independente relevante? Além de levarem em conta quesitos fundamentais para viabilizá-lo, como valor de cachê e artistas que topassem trabalhar com técnicos locais, algo foi primordial: o olhar para o novo. “É um mundo inteiro que não está sendo visto e é importante”, diz Monique, que já negocia levar o festival para fora do Brasil.

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