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Festival Literário do Museu Judaico de São Paulo começa nesta quinta

Nesta quinta-feira, 30 de novembro, começa a segunda edição do Festival Literário do Museu Judaico de São Paulo (FliMUJ). O evento ocorre até o domingo, 3 de dezembro, com a participação de 30 escritores brasileiros e internacionais em 12 mesas de debate.

A entrada no festival é gratuita, mas ingressos precisam ser retirados no site do museu. Neste ano, nomes como David Baddiel, autor do livro <i>Judeus Não Contam</i>, Lewis Gordon, que escreveu de <i>Medo da Consciência Negra</i>, e Lena Gorelik, autora de <i>Wer Wir Sind</i>

As mesas do festival vão discutir "a partir de perspectivas judaicas e não judaicas, sobre a importância da lembrança e o direito ao esquecimento". O tema deste é ano "E se eu me esquecer de ti?" e teve curadoria de Daniel Douek e Rita Palmeira. Ela conversou com a <i>Rádio Eldorado</i> sobre a programação do evento. – Escute <a href="https://www.estadao.com.br/eldorado/podcasts/fim-de-tarde/tudo-sobre-o-festival-literario-do-museu-judaico-de-sao-paulo/" target=_blank><u>aqui</u></a>.

A primeira edição do FliMUJ ocorreu em outubro de 2022. Na ocasião, o festival reuniu autores como Sueli Carneiro, Allan da Rosa, Betty Fuks, Nilton Bonder e a israelense Ayelet Gundar-Goshen. Veja abaixo a programação e o serviço da edição de 2023. (<i>Quem somos nós</i>), estão entre os convidados.

<b>Programação completa do FliMUJ 2023:</b>

<b>- Mesa 1 | 30/11, quinta-feira, 19h

Quem se lembra dos judeus?

Com David Baddiel

mediação de Giselle Beiguelman</b>

Por que os judeus são constantemente excluídos das discussões sobre discriminação? Por que não figuram entre as minorias políticas? O comediante e escritor britânico sustenta em seu livro Judeus não contam, recém-lançado no Brasil, que essa ausência revela que, ao contrário de outros preconceitos, o antissemitismo é ainda hoje admitido entre progressistas.

<b>- Mesa 2 | 01/12, sexta-feira, 16h
Judeu é branco?

Com Cida Bento e Michel Gherman

mediação de Thais Bilenky</b>

Em um país racista como o Brasil, o lugar do judeu é ambivalente. Se, por um lado, quem tem a pele clara beneficia-se de inúmeros privilégios relativos às perspectivas de ascensão social e à própria possibilidade de manter-se vivo, por outro, a insistente presença do antissemitismo lembra que judeus não chegam a ser plenamente brancos. Nesse sentido, que alianças são possíveis entre negros e judeus na construção de uma sociedade verdadeiramente democrática? E quais os seus limites?

<b>- Mesa 3 | 01/12, sexta-feira, 18h
Bom, agora a gente pode começar?

Com Cíntia Moscovich e Jacques Fux

mediação de Rita Palmeira</b>

Esta mesa reúne dois escritores que, em sua obra, exploram a memória familiar e identidade judaica. Em Por que sou gorda, mamãe?, de Moscovich, e em Antiterapias, de Fux, por exemplo, o ato de lembrar tem função de elaboração da identidade de quem narra. O nome da mesa alude à frase final do célebre romance do escritor norte-americano Philip Roth O complexo de Portnoy.

<b>- Mesa 4 | 01/12, sexta-feira, 20h
Meu outro retrato?

Com Gabriela Wiener

mediação de Micheline Alve</b>s

A memória familiar é capaz de condicionar quem nós somos? Em seu mais recente livro, a jornalista peruana Gabriela Wiener parte da história do tataravô judeu, de quem herdou o sobrenome, para investigar sua identidade. Costurada pela perda do pai, pelo exílio voluntário na capital do país que colonizou sua terra natal e pela assunção do desejo, a narrativa autobiográfica de Wiener explora a conflituosa construção de si e do outro, racismo, assimilação e decolonialidade – temas que nortearão a conversa nesta mesa.

<b>- Mesa 5 | 02/12, sábado, 11h
Você acha que alguém como você pode escrever sobre a Shoa?

Com Colombe Schneck e Michel Laub

mediação de Adriana Ferreira Silva</b>

Como se pode narrar o horror não testemunhado? Como contar o extermínio gerações depois? A narração é uma forma de reparação? Para quem? Nesta mesa, dois escritores de nacionalidades, trajetórias e obras distintas debatem, a partir dessas questões, a dimensão ética da escrita. Esta mesa tem o apoio da Embaixada da França no Brasil.

<b>- Mesa 6 | 02/12, sábado, 14h
Quando foi que me descobri?

Com Bianca Santana, Clarice Niskier e Márcia Mura

mediação de Fernanda Diamant</b>

"Tenho trinta anos, mas sou negra há dez", escreve Bianca Santana. Ao narrar sua própria história, a autora de Quando me descobri negra deu visibilidade ao fenômeno de autorreconhecimento, compartilhado por pessoas das mais diversas origens: negras, indígenas, judias. A mesa abordará os processos de descoberta identitária como posicionamento em favor da legitimidade de ser o que se é.

<b>- Mesa 7 | 02/12, sábado, 16h
A Baviera é aqui?

Com Betina Anton e Marcos Guterman

mediação de José Orenstein</b>

Após o fim da Segunda Guerra Mundial, muitos oficiais nazistas fugiram da Alemanha e encontraram abrigo em países democráticos, onde puderam viver impunemente. A presença de oficiais de Hitler no Brasil, como a do médico Josef Mengele, tem sido cada vez mais estudada e novas descobertas vêm à tona. A mesa abordará algumas delas, refletindo também acerca da construção da memória sobre o nazismo no país.

<b>- Mesa 8 | 02/12, sábado, 18h

Pode alguém escapar sozinho?

Com Lewis R. Gordon

mediação de Mylene Mizrahi</b>

Autor de Medo da consciência negra, o filósofo afro-judeu Lewis R. Gordon discutirá o antirracismo em suas articulações com outras questões de identidade e pertencimento, tais como gênero, classe social, nacionalidade, ideologia, política e religião. Esta mesa integra a série Judeidade e Negritude, e tem o apoio da Casa Sueli Carneiro e do Instituto Brasil-Israel.

<b>- Mesa 9 | 03/12, domingo, 11h
Quem é que pode deslembrar?

Com Bernardo Kucinski e Flavia Castro

mediação de Paulo Werneck</b>

Sob a ditadura militar, há 44 anos, era promulgada a Lei da Anistia, que, ao mesmo tempo que assegurava o perdão aos opositores do regime autoritário, garantia que as ações dos militares responsáveis por prisões ilegais, torturas e assassinatos fossem esquecidas. Mas quem poderia realmente se esquecer daqueles crimes: os algozes ou suas vítimas e seus familiares? A quem é dado o privilégio do esquecimento? Quem pode lembrar e quem pode des-lembrar – este o assunto desta mesa, que discute ainda modos de narrar a memória da ditadura.

<b>- Mesa 10 | 03/12, domingo, 14h
Para onde foi a minha casa?

Com Lena Gorelik e Prisca Agustoni

mediação de Sofia Mariutti</b>

O deslocamento territorial – forçado ou voluntário – enseja uma nova identidade cultural. O que e como se narra na língua do outro e que agora é também sua? A relação entre a experiência do exílio e as escolhas narrativas e poéticas de duas escritoras é o tema desta mesa, que explora ainda a questão do pertencimento, da língua e da identidade. Esta mesa tem o apoio do Instituto Goethe.

<b>- Mesa 11 | 03/12, domingo, 16h
Ainda dá para sonhar?

Com Christian Dunker e Iddo Gefen

mediação de Ilana Feldman</b>

O sonho nasce nas profundezas do sono, mas a realidade social insiste em invadir esse espaço íntimo – às vezes na forma de pesadelo. O que sonhavam os judeus no período do Terceiro Reich? O que sonham israelenses e palestinos nas fronteiras entre Cisjordânia, Gaza e Israel? Pesquisadores descobriram que sonhos não apenas expressam uma determinada realidade, como também a subvertem, criando realidades alternativas. A mesa partirá dos sonhos de judeus durante o nazismo e de israelenses e palestinos que vivem próximos às zonas de conflito para discutir as complexidades da subjetividade humana e seu potencial para a imaginação de um futuro diferente. Esta mesa tem o apoio do Instituto Brasil-Israel.

<b>- Mesa 12 | 03/12, domingo, 18h

Se eu cantar, vocês escutam?

Com Assucena e Fortuna

mediação de Marília Neustein</b>

"Preciso que me escutem!", exclama Medeia, interpretada por Assucena, na abertura da peça "Mata teu pai, ópera-balada". Mas como se fazer ouvir, quando ninguém parece interessado? Existe alternativa ao grito que, se alcança ouvidos alheios, também esgota a si mesmo? Esta mesa, que reunirá as cantoras Assucena e Fortuna, debaterá ancestralidade, gênero, raça e imigração a partir das possibilidades imaginativas da arte e, especialmente, da música.

<b>Serviço – FliMUJ 2023</b>

<b>FliMUJ 2023 – Festival Literário do Museu Judaico de São Paulo</b>

De 30 de novembro a 3 de dezembro (quinta-feira a domingo)

Local: Museu Judaico de São Paulo

Endereço: Rua Martinho Prado, 128 – Bela Vista, São Paulo, SP

Ingressos gratuitos – <a href="https://museujudaicosp.org.br/" target=_blank><u>retirada no site
</u></a>
Acesso para pessoas com mobilidade reduzida

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