Praticamente todos os festivais e todas as mostras de cinema tiveram de se adaptar à nova ordem social por causa da pandemia. Assim, como alternativa, surgiram em formato online. Com as pessoas trancadas em casa, se protegendo do coronavírus, a solução foi se readequar e ocupar espaços que antes não eram pensados. E a internet surgiu como uma luz no fim do túnel, servindo para agregar as diversas áreas da cultura.
Seguindo por esse caminho, começa nesta quinta, 25, o Festival Férias Brasileiras, dedicado à criançada, que chega como uma opção para divertir os pequenos, e é composto por 23 títulos nacionais, que estarão disponíveis gratuitamente na plataforma Looke, até 25 de março.
Quem assina a curadoria do festival é Patrícia Durães, que dirige o projeto Escola no Cinema desde seu surgimento, junto com Eliane Monteiro. Em sua seleção, estão filmes de várias épocas, que servem para o espectador conhecer, caso não tenha visto ainda, ou rever e matar saudade. Tem O Cavalinho Azul, filme de 1984 dirigido por Eduardo Escorel, que mostra as aventuras do pequeno Vicente, que parte em busca de seu animalzinho, que seus pais tiveram de vender para suprir as necessidades. Dos mais recentes, Detetives do Prédio Azul, O Filme (2017), de André Pellenz, é um dos destaques, com o trio aventureiro Pippo (Pedro Henrique Motta), Sol (Letícia Braga) e Bento (Anderson Lima).
A ideia inicial era realmente apresentar o festival durante as férias da garotada, mas, de acordo com Patrícia, a aprovação do projeto acabou saindo algum tempo depois do previsto e as atividades escolares ainda estavam suspensas. "Foi aí que comecei a pensar em uma programação que trouxesse a sensação de estar em férias, buscando filmes com gosto de aventura, fantasia, festa, viagens, que não ficasse presa a um tempo determinado", diz.
A seleção escolhida tem histórias para estimular a imaginação e agradar ao público infantil, mas mira também a família. Entre as produções escolhidas, algumas estarão disponíveis continuamente, como é o caso de Andorinha (2019), de Clara Braem, Brichos (2006), de Paulo Munhoz, O Cavalinho Azul (1984), de Eduardo Escorel, Corda Bamba (2012), de Eduardo Goldenstein, Garoto Cósmico (2007), de Alê Abreu, Hoje Eu Quero Voltar Sozinho (2014), de Daniel Ribeiro, Peixonauta: Agente Secreto da O.S.T.R.A. (2012), de Celia Catunda e Kiko Mistrorigo, O Menino e o Mundo (2013), de Alê Abreu, Insônia (2013), de Beto Souza, Pequenas Histórias, Carnaval das Crianças (2008), de Helvécio Ratton, Bruxarias (2015), de Virginia Curiá, O Segredo dos Diamantes (2014, de Helvécio Ratton, Pequenas Histórias (2008), de Helvécio Ratton, Tito e os Pássaros (2019), de Gustavo Steinberg, Gabriel Bitar, André Catoto Dias.
Mas há outros títulos que já têm data de exibição. O Menino Maluquinho – O Filme (1995), de Helvécio Ratton, poderá ser visto de 25/2 a 11/3; O Menino Maluquinho 2 – A Aventura (1998), de Fernando Meirelles e Fabrizia Pinto, de 11 a 25/3; Tainá – Uma Aventura na Amazônia (2001), de Tania Lamarca e Sergio Bloch, nos dias 27 e 28/2 e 6 e 7/3, Tainá 2 – A Aventura Continua (2005), de Mauro Lima, dias 6, 7, 13 e 14/3; Tainá – A Origem (2013), de Rosane Svartman, dias 13, 14, 20 e 21/3; Turma da Mônica – Laços (2017), de Daniel Rezende, dias 5, 6, 7 e 8 de março; Detetives do Prédio Azul, O Filme (2017), de André Pellenz, de 25 a 28/2.
Segundo a curadora, "a ideia era apresentar um repertório da nossa cinematografia, uma conexão com a nossa cultura, nossa língua, nossas histórias, revisitando desde filmes do passado até os mais atuais".
Além de reunir obras destacadas e premiadas, o evento é uma oportunidade de dar a pais e educadores um espaço onde possam encontrar filmes que auxiliem neste momento de isolamento social. "É muito importante proporcionar às crianças uma programação de qualidade e diversidade para ser usufruída dentro de casa", destaca Patrícia, enfatizando que no Brasil é escasso o trabalho destinado à preservação da memória da cultura da infância, bem como irregular a produção de cinematografia focada nesse público. "Qualquer esforço de valorização dessa memória cinematográfica da infância brasileira, bem como o consequente estímulo à produção permanente de filmes para essa faixa etária, tem grande relevância no contexto atual da cultura no País."
E o festival não se limitará às exibições de filmes e vai incluir contação de histórias. "Compor o Férias Brasileiras me fez revisitar eventos que realizamos dentro do cinema, e as sessões sempre se iniciavam com uma narração de histórias que contextualizava o universo a ser retratado pelo filme", revela a curadora. A partir dessa experiência, convidaram a artista Stela Barbieri para uma nova parceria e, junto com ela, Urga Maira e Andi Rubinstein, que farão uma roda de histórias a ser apresentada aos sábados (de 27/2 a 20/3), às 17h.
As informações são do jornal <b>O Estado de S. Paulo.</b>