Está começando nesta quarta-feira, 8, a programação do Festival Varilux do Cinema Francês. Até dia 22, o festival acontece em 52 cidades de todo o Brasil. Serão 95 cinemas só exibindo produções da França, num total aproximado de 5 mil sessões. Se você mora em São Paulo, ainda dá tempo de correr até o Espaço Itaú Augusta (R. Augusta, 1.470), ou então ao Belas Artes (R. da Consolação, 2.423) e ao Cinearte (Av. Paulista, 2.073). Por que esses cinemas? Porque o festival não apenas está realizando sessões gratuitas como os integrantes da delegação francesa que visita o País estão apresentando e, após a projeção, debatendo os filmes com o público.
Você já perdeu a apresentação, mas daqui a pouco, 15h30, Vincent Lacoste debate com o público do Cinearte a comédia Lolo, o Filho de Minha Mulher, realizada pela atriz Julie Delpy – de A Igualdade É Branca, de Krysztof Kieslowski, e da trilogia Antes (do Amanhecer, do Por do Sol e da Meia-Noite), de Richard Linklater. No mesmo cinema, o diretor Philippe Guay encontra-se com o público para debater Flórida, que passa na sequência.
No Belas Artes, as sessões premiadas (apresentação e debate) serão dos filmes Os Cowboys, de Thomas Bidegain, e Agnus Dei, de Anne Fontaine. Quem se encontra com o público são os atores Finnegan Oldfield e Lou de Lâage. Os mesmos filmes também serão exibidos e debatidos, com os mesmos convidados, no Itaú Augusta. A delegação francesa é integrada, além do diretor e dos atores citados, pelo ator e diretor Roschdy Zem e pela atriz Virginie Efira. Todo esse pessoal participou, nesta quarta, 8, no Teatro da Aliança Francesa, no Centro de São Paulo, de uma coletiva de imprensa. Curador e idealizador do evento, Christian Boudier enfatizou que se trata de um evento de mercado, com a fundamental participação dos distribuidores.
Destacou que a seleção privilegia a qualidade – filmes que tenham feito sucesso de público e crítica – e que todas as produções se destacam pela diversidade. O festival inclui uma mostra Roschdy Zem e o resgate do cultuado Um Homem, Uma Mulher, de Claude Lelouch, em versão restaurada. Justamente Roschdy Zem, ator em filmes de Rachid Bouchareb (Dias de Glória) e Radu Mihaileanu (Um Herói do Nosso Tempo), anunciou a novidade – como realizador, ele prepara atualmente o remake de O Invasor, de Betô, disse em francês, Brant. Já está no segundo tratamento do roteiro.
Roschdy veio exibir seu longa sobre o palhaço Chocolat, o primeiro negro a se apresentar como comediante em circos da França. Formava dupla com outro palhaço, Footit, que era branco, mas a fama, o sucesso e o racismo destruíram a parceria. Foi uma história que Roschdy Zem quis contar pelo prazer de trabalhar com Omar Sy, que faz o papel, mas também pelas implicações políticas e sociais na trajetória do personagem. Nascido numa família pobre de imigrantes marroquinos, o diretor sabe bem sobre o que está falando. Dominic Guay, o diretor de Flórida – com Sandrine Kiberlain e Jean Rochefort, sobre filha que acompanha o pai debilitado numa viagem pelos EUA -, destacou a excelência de dois filmes brasileiros recentes que viu na França. Les Bruits du Recife (O Som ao Redor), de Kleber Mendonça Filho, e La Seconde Mère (Que Horas Elas Volta?), de Anna Muylaert. “Aprendi muito sobre o País e as tensões sociais dentro da casa e da família brasileiras”, resumiu.