O destaque positivo do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) de maio é a criação de 37.373 postos formais no setor agrícola, refletindo as melhores avaliações para a safra brasileira, avalia o economista da Fundação Getulio Vargas (FGV) Renan Pieri.
“A agricultura vai bem a despeito da fragilidade da economia. As previsões para o setor agrícola são boas, mas para os outros setores, não. A indústria de transformação está em declínio. Há uma desindustrialização muito forte, sobretudo na região Sudeste”, diz, destacando também o saldo positivo do construção civil (8.459 vagas). “É um setor que sofre muito desde a Lava Jato. O fato de ter criado vagas é um bom sinal.”
A indústria de transformação destruiu 6.136 vagas em maio. O Caged, por sua vez, registrou geração de 32.140 empregos formais no período, bem abaixo da mediana de abertura de 70 mil postos da pesquisa do Projeções Broadcast, cujo intervalo ia de 17.000 a 109.905 vagas.
“Em 12 meses, são cerca de 474 mil empregos formais criados, mas ainda é muito pouco diante de 13 milhões de desempregados e 28 milhões subutilizados.”
Pieri ressalta que o número de postos gerados em maio foi bem similar ao do mesmo mês do ano passado (33.659 vagas), mas pondera que não há perspectiva de grande abertura de vagas nos próximos meses em meio às revisões para baixo das projeções para o Produto Interno Bruto (PIB), como a realizada nesta quinta-feira pelo Banco Central no Relatório Trimestral de Inflação (RTI), de 2,0% para 0,8%.
O economista destaca ainda que o Caged não tem sido um bom “provisor” da economia, uma vez que a recuperação econômica tem se dado pelo setor informal.
Selic
Esse quadro de fragilidade da economia deve mudar pouco com o corte de juros, avalia Pieri. “Um corte de juros agora tem pouco efeito para estimular a atividade em si dado a incerteza.” Mas o economista afirma que o Banco Central deveria reduzir a Selic, uma vez que as projeções para inflação caíram e já estão abaixo do centro da meta.