A estabilização do câmbio deve trazer alívio à inflação atacadista nas próximas semanas, afirmou nesta sexta-feira, 6, Salomão Quadros, superintendente adjunto de Inflação da Fundação Getulio Vargas (FGV). Com o fim do efeito do reajuste de combustíveis, o ritmo de desaceleração deve inclusive ser maior, acrescentou.
Em outubro, o Índice Geral de Preços – Disponibilidade Interna (IGP-DI) subiu 1,76%, a maior taxa desde junho de 2008. Apesar disso, o resultado ficou abaixo do IGP-M (1,89%), que foi a leitura mais recente antes do indicador divulgado hoje. Isso, segundo Quadros, já é sinal de que os preços estão arrefecendo.
Além disso, as matérias-primas brutas também perderam força na passagem do mês. “As matérias-primas brutas são a parte mais exposta a variações cambiais. Não é repasse, é precificação instantânea. Mas outubro já foi um mês de estabilidade no câmbio, o que já traz algum alívio, pois não há renovação das pressões”, disse o superintendente.
O câmbio ainda deve surtir efeito em produtos derivados, como alimentos processados e itens de limpeza, impacto já percebido em outubro. Esses setores têm conseguido repassar o dólar mais caro aos consumidores, a despeito da recessão. Mesmo assim, não devem impedir o alívio no IGP.
“A tendência é continuar desacelerando, pois os combustíveis agora entram em fase descendente, o que vai ajudar”, acrescentou Quadros.
Em 12 meses, o IGP-DI chegou a 10,58%, o maior resultado desde abril de 2011 e não muito distante do que será visto no fim do ano, segundo o superintendente. “Estamos na vizinhança do número final para 2015”, afirmou.