A aproximação do Natal não tem inspirado boas expectativas nos comerciantes, que já imaginam outro desempenho ruim, mesmo na principal data comemorativa para o setor. “O setor está contando menos com o Natal. As vendas vão fazer uma diferença, mas não serão tão expressivas. Temos visto nas datas comemorativas em 2015 seguidas frustrações de vendas”, explicou Aloisio Campelo, superintendente adjunto de Ciclos Econômicos da Fundação Getulio Vargas (FGV).
A confiança do comércio recuou 2,3% em outubro ante setembro, ao menor nível da série, iniciada em março de 2010. O resultado chama a atenção porque, às vésperas do Natal, os empresários estão desesperançosos em relação à demanda.
Por um lado, ainda haverá contratações temporárias nos segmentos natalinos (hiper e supermercados, alimentos, tecidos, vestuário e calçados, artigos farmacêuticos e perfumaria, móveis e eletrodomésticos). Segundo a FGV, 19,9% das empresas devem abrir vagas para o fim de ano, enquanto 18,3% planejam demitir nesse período. “É uma boa notícia”, comentou Campelo.
Mas mesmo esse resultado tem de ser relativizado, já que são muito piores do que em outubro de 2014, quando 34,4% tinham planos de contratar e apenas 4,6% iriam demitir nos meses seguintes. Quando é levado em conta todo o varejo ampliado (que inclui os segmentos tradicionais além de veículos e materiais de construção), o tombo é ainda maior. “O comércio como um todo está com tendência de desmobilização de mão de obra”, observou o superintendente.
Apesar da perspectiva ruim para o fim de ano, o número de empresas que apontam a demanda insuficiente diminuiu, embora ainda esteja em patamar elevado: 40,4% das empresas. Outros fatores limitativos custos financeiro e de mão de obra também foram menos citados neste mês. “É como se o setor tivesse atingido o pico de insatisfação e agora está reajustando o exagero. O início de quarto trimestre é um pouco melhor. O lado ruim é que o setor não vê isso como tendência”, disse Campelo.