Embora os consumidores tenham melhorado sua avaliação sobre as finanças em janeiro, ainda é cedo para dizer que a confiança das famílias terá, a partir de agora, um avanço contínuo, avalia a economista Viviane Seda, pesquisadora da Fundação Getulio Vargas (FGV). “Temos de relativizar, porque esse indicador havia atingido mínimo histórico em dezembro. Nenhuma outra variável está atrelada a essa melhora, como mercado de trabalho e inflação. Os próprios consumidores esperam piora”, disse.
No primeiro mês de 2016, a confiança do consumidor subiu 2,5 pontos, para 67,9 pontos. “É um resultado mais favorável. Mas teria de ter melhora em todas as variáveis para continuar subindo e chegar pelo menos até a média. Isso ainda vai demorar”, acrescentou a economista. A média histórica dos últimos cinco anos da confiança do consumidor está em 95,4 pontos.
Prova de que as famílias acham que ainda vai piorar antes de melhorar, a avaliação sobre a situação atual da economia foi na contramão do indicador geral e caiu a 71,5 pontos, o menor nível da série histórica, iniciada em setembro de 2005. “Além disso, as perspectivas são ruins para o futuro”, destacou Viviane.
Por outro lado, a melhora nas finanças mostra que o orçamento do consumidor ganhou algum alívio, ainda que pequeno ou momentâneo. Isso pode estar atrelado ao trabalho temporário de fim de ano – em janeiro, os brasileiros perceberam avanço no cenário atual de emprego, embora o futuro ainda seja mais obscuro na visão das famílias. Apenas no Rio de Janeiro são esperadas contratações para os próximos meses. “Isso pode estar relacionado às Olimpíadas”, disse.
Diante da condição mais favorável das finanças, a intenção de compra de bens duráveis subiu 7,7 pontos em janeiro, compensando a queda de dois meses anteriores (-6,8 pontos). “O consumidor já está pensando em compras, mas isso não parece sustentável. Teria de ter algo para corroborar”, disse Viviane.