O avanço da confiança do comércio em fevereiro foi concentrado, afirmou nesta sexta-feira, 26, o superintendente adjunto de Ciclos Econômicos da Fundação Getulio Vargas (FGV), Aloisio Campelo, e por isso os números ainda não devem ser considerados propriamente positivos. “Por dentro da sondagem, há vários sinais de que ainda não dá para comemorar”, disse.
Um desses indicadores é o de emprego previsto, que caiu 3,3 pontos em fevereiro ante janeiro, ao menor nível da série histórica, iniciada em março de 2010. “Isso é um sinal de que as reduções de pessoal ocupado no setor devem aumentar nos próximos meses”, avaliou Campelo.
O aumento do custo da mão de obra deve estimular as demissões. Segundo a FGV, esse fator (em geral associado a períodos de aquecimento da economia) tem incomodado cada vez mais os comerciantes. Em fevereiro, ele foi citado por 28,3% deles, um recorde na pesquisa, provavelmente devido à pressão do reajuste de 11,6% no salário mínimo em meio à queda nas vendas.
Outro ponto destacado é que o avanço das expectativas, que determinou a melhora no índice de confiança deste mês, foi sustentado pela redução do pessimismo, e não por um aumento do otimismo de empresários. “Não acho que exista motivação para crer em um ciclo de alta no indicador”, afirmou Campelo.
Segundo o especialista, o consumidor continua com dificuldades para equilibrar seu orçamento e tem recorrido a suas economias para pagar despesas correntes. As incertezas em relação ao futuro também contribuem para frear o consumo, notou Campelo.