O principal resultado das manifestações favoráveis ao governo nesta terça-feira, 7, pode ter sido o oposto ao desejado pelo presidente Jair Bolsonaro: o fortalecimento do Supremo como instituição, avalia o cientista político, professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV-SP) e da Pontifícia Universidade Católica (PUC-SP) Francisco Fonseca. Ao <i>Broadcast Político</i> Fonseca destacou que "o Supremo se uniu em uma defesa dele próprio. Bolsonaro conseguiu unificar um adversário."
Após semanas de mobilização, com Bolsonaro e ministros palacianos convocando apoiadores para os atos deste 7 de setembro, o especialista avalia que a movimentação foi aquém do esperado, levando-se em conta o dinheiro gasto, e a divulgação que os atos tiveram.
Bolsonaro esteve presente em atos pró governo em Brasília e em São Paulo. Para Fonseca, as imagens das manifestações, que contaram com a presença do presidente, mostraram que, especialmente o de Brasília, foram um grande fiasco. "Anunciou-se a lotação dos hotéis, anunciou-se um número gigante, maior dos últimos anos, na verdade o que se viu foi muito aquém. Em São Paulo foi maior, mas longe de ser algo exponencial", afirmou.
Além do movimento menor que o esperado, as manifestações também mostram que Bolsonaro não tem apoio institucional, afirma. Para Fonseca, Bolsonaro agora prega para sua bolha de apoiadores. Para embasar sua fala, além do afastamento de outros representantes do governo, está o distanciamento do presidente da elite econômica do País após conflitos recentes do governo com a Federação Brasileira dos Bancos (Febraban), e pelas críticas feitas pelo ex-ministro da Agricultura, e um dos maiores produtores de soja do mundo, Blairo Maggi, ao governo.
Usando uma analogia de boxe, Fonseca afirma que Bolsonaro está "nas cordas. E tudo que ele tenta fazer é para sair e tentar terminar seu mandato sem ver seus filhos presos".