O volume exportado pelo Brasil em agosto cresceu 2,2% em relação a agosto de 2019. Já o volume importado despencou 21,7% no período. Os dados são do Indicador de Comércio Exterior (Icomex) divulgado nesta quinta-feira, 17, pela Fundação Getulio Vargas (FGV).
"Todos os setores registram quedas no volume importado na comparação do acumulado do ano e mensal, exceto a agropecuária com aumento de 1,3% em agosto. Câmbio desvalorizado e queda no nível de atividade econômica doméstica explicam o recuo nas importações", justificou a FGV, em nota oficial.
O saldo da balança comercial de agosto foi de US$ 6,6 bilhões, elevando o superávit acumulado no ano para US$ 36,3 bilhões. O resultado é mais puxado pela queda acentuada nas importações do que por uma melhora nas exportações, apontou a FGV.
Na análise por destinos das exportações brasileiras, a China continua na liderança em termos de compras e de contribuição para o superávit da balança comercial.
No acumulado de janeiro a agosto de 2020, o Brasil acumulou um superávit de US$ 25,5 bilhões no comércio com a China. Por outro lado, na relação comercial com os Estados Unidos, o Brasil registrou um déficit de US$ 3 bilhões.
Estados Unidos (-21,8%) e Argentina (-20,3%) lideram as reduções de compras de produtos brasileiros de janeiro a agosto. As vendas para a União Europeia caíram 3,2%, devido a um aumento nas compras europeias de soja e óleo bruto de petróleo. A China comprou 31,4% a mais do Brasil no ano.
No mês de agosto, houve crescimento de 0,8% nas exportações brasileiras para a Argentina em relação ao mesmo mês de 2019. "O aumento em 90% nas exportações de veículos rodoviários e de 2% de automóveis, em agosto, explica essa variação positiva, pois os 10 principais produtos restantes da pauta para a Argentina registraram queda. O acordo automotivo entre o Brasil e a Argentina ajuda a explicar esse resultado", justificou a FGV.
Em agosto, o Brasil vendeu 18,1% menos para os Estados Unidos, mas exportou 31,5% mais para a China.
<b>Arroz</b>
O aumento nas exportações brasileiras de arroz foi impulsionado não apenas pela alta do dólar, mas também pela entrada de novos mercados compradores do grão. No entanto, os dados do Icomex sinalizam uma tendência de queda nas vendas externas a partir de agosto, apontou a FGV.
Diante do aumento nos preços do grão ao consumidor brasileiro, o governo zerou a alíquota de importação de dois tipos de arroz para uma cota de 400 mil toneladas até 31 de dezembro. As alíquotas eram de 10% para o arroz paddy e de 12% para o arroz glaceado.
"A elevação dos preços não se resume à elevação das exportações favorecida pela desvalorização cambial. Aumento do consumo domiciliar por conta da pandemia e o auxílio emergencial também teriam contribuído para o efeito sobre os preços. É preciso observar se zerar a alíquota vai ter efeito no preço final do produto, que passa por canais de distribuição que também influenciam o preço. A experiência passada de utilizar importações como forma de conter preços não teve bons resultados na década de 1980", alertou a FGV, em nota oficial.
No acumulado de janeiro a agosto de 2020, o volume de exportações de arroz paddy aumentaram 234% em relação ao mesmo período do ano anterior. Em valores, a alta foi de 165%.
Já para o arroz glaceado, com maior grau de beneficiamento, o volume exportado avançou 85% de janeiro a agosto. Em valores, o aumento foi de 87%.
No caso do arroz paddy, houve uma diversificação de mercados de destino do arroz brasileiro. Em 2019, a Venezuela respondia por 89% das exportações brasileiras, mas essa faria diminuiu para 36% em 2020. Países que compraram pouco em 2019 aumentaram sua demanda pelo arroz brasileiro em 2020, como a Turquia, que saiu de uma participação quase nula nas exportações de arroz do Brasil em 2019 para uma fatia de 5,2% em 2020. As exportações de arroz paddy (com casca) para a Turquia tiveram um aumento de 708 mil por cento de janeiro a agosto deste ano.
No arroz glaceado, o principal comprador permaneceu o Peru, mas sua fatia nas exportações brasileiras do grão desceram de 30,7% em 2019 para 21,4% em 2020, apesar do aumento de 30% nas compras de arroz brasileiro neste ano. Os maiores avanços ocorreram nas compras da Venezuela (174%) e dos Estados Unidos (211%), que já figuravam entre os principais demandantes do grão.
Quanto às importações, o Brasil comprou 84% menos arroz paddy, em volume, de janeiro a agosto deste ano. Em valor, a queda foi de 18%. Para o arroz glaceado, o volume importado pelo País caiu 6,2%. O valor diminuiu 4,1%.
"As principais fontes de importações para o Brasil são nos dois casos o Paraguai, Uruguai e Argentina, que já entram no mercado brasileiro com tarifa zero", ressaltou a FGV, na nota.