Estadão

FGV/Paulo Picchetti: IPC-S pode fechar o mês com deflação mais próxima de 0,20%

Após a deflação de 0,24% registrada pelo Índice de Preços ao Consumidor – Semanal (IPC-S) na terceira quadrissemana de junho, o coordenador do índice da Fundação Getulio Vargas (FGV), Paulo Picchetti, não alterou a projeção do mês, de queda de 0,15%, mas não descarta que a deflação possa ser um pouco maior, mais próxima de 0,20%, dada a dinâmica de recuos generalizados do indicador.

"Praticamente tudo está contribuindo com deltas negativos e indica uma trajetória de inflação mais benigna na virada do semestre", afirma Picchetti.

De acordo com o coordenador, os grupos Habitação, Alimentação e Transportes contribuíram para a deflação maior do IPC-S em comparação com a segunda quadrissemana do mês, quando o índice havia recuado 0,17%. O destaque, segundo Picchetti, veio do arrefecimento de Habitação (0,64% para 0,38%), puxado pela descompressão de aluguel (0,67% para 0,36%) e gás de bujão (-1,60% para -2,94%).

Alimentação (-0,18% para -0,32%) foi outro ponto de destaque para o coordenador do IPC-S. "Tem alguns itens em queda e a grande maioria em desaceleração, o que explica o comportamento do grupo", afirma Picchetti, que destaca o arrefecimento de laticínios (0,86% para 0,32%) nesta leitura.

No grupo Transportes (-1,43% para 1,65%), o coordenador pontua que o movimento do grupo foi puxado pela deflação maior de automóvel novo (-2,00% para -3,83%). "O efeito da desoneração dos automóveis novos está preponderando no grupo como um todo, além de alguns municípios que tiveram saída do efeito da tarifa de ônibus urbano e também contribuem", analisa Picchetti. A gasolina, por sua vez, seguiu em deflação (-3,36% para -2,85%), mas com variação menos negativa. "Tem delta positivo de 0,03 ponto, que é mais que compensado por automóveis novos, que têm delta negativo de 0,05 ponto", calcula o coordenador.

Picchetti atenta ainda para o nível da difusão desta leitura do IPC-S, de 52,58%, ante 54,52% na quadrissemana anterior, sendo o menor desde 2020. "O menor que tínhamos tido na série relativamente recente foi em plena pandemia, há praticamente três anos, na segunda quadrissemana de junho de 2020, quando foi 52,26%", afirma.

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