Economia

FGV prevê IPC-S de 0,70% em abril, com pressão menor de administrados

A inflação fechada de abril deve desacelerar à metade do resultado de 1,41% registrado em março, para 0,70%, de acordo com o coordenador do Índice de Preços ao Consumidor Semanal (IPC-S), Paulo Picchetti, da Fundação Getulio Vargas (FGV). No entanto, a projeção para o dado fechado do ano foi revisada de 7,3% para 7,9%, diante principalmente das dúvidas em relação aos preços administrados e aos efeitos do câmbio sobre a inflação, ainda que os sinais sejam de impactos menores, por causa do arrefecimento da atividade, disse Picchetti.

Apesar das incertezas em relação ao comportamento dos preços administrados, o economista acredita que o maior impacto de alta em energia elétrica pode ter se restringido ao começo do ano. “Tudo depende de como ficará o sistema de bandeiras e se terá ou não racionamento. Se o cenário favorável se configurar, pode não ter reajuste em energia, ficando concentrado ao primeiro trimestre”, explicou.

Picchetti disse que o reajuste médio de 6,4% nos preços dos medicamentos, que passou a valer desde esta terça-feira, 31, deve ter pequeno impacto no IPC-S de abril, ficando a maior parte para os dados fechados de maio e junho. Além disso, comentou que o eventual reajuste de 13,8% na tarifa de água, aprovado pela Agência Reguladora de Saneamento e Energia de São Paulo (Arsesp) para as contas da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp), deve pressionar mais a inflação. No entanto, disse que prefere esperar o anúncio oficial do aumento para estimar de quanto poderá ser a influência no IPC-S. Isso porque a medida ainda está em audiência pública e a Sabesp pleiteia um aumento ainda maior.

Os preços dos alimentos, que ajudaram a conter uma alta maior do IPC-S em março, também podem permitir um resultado menor do indicar em abril, segundo o economista. Depois de ter fechado em 0,77% em fevereiro, o grupo Alimentação começou março avançando, indo a 1,11% na primeira leitura; a 1,25% na segunda; a 1,09% na terceira; e a 1,02% na quarta medição. “Alimentação vem desacelerando aos poucos. É sempre a novidade em relação a projeção, mas ainda está em nível elevado”, disse. Entre o final de fevereiro e o de março, as hortaliças e legumes passaram de 6,24% para 4,00%.

Para que a projeção de 7,9% do IPC-S fechado de 2015 se confirme, Picchetti disse que a taxa mensal teria de variar na faixa de 0,40% daqui para frente. “A média mensal dos nove meses finais de 2014 foi de 0,46%. É preciso haver um esforço para corrigir essa tendência”, disse.

A expectativa do economista para que o IPC-S feche em 7,9% leva em consideração principalmente que os efeitos das políticas fiscal e monetária sejam disseminados por vários setores da economia, de forma a diminuir a demanda e, consequentemente, reduzindo a pressão inflacionária. “Esperamos que isso se reflita especialmente sobre a inflação de livres, já que a dos administrados não tem como”, afirmou.

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