Economia

FGV vê volta da demanda habitual no comércio após Copa

A exemplo do que se observou na indústria, na construção e nos serviços, a desaceleração da atividade no comércio se intensificou em julho por causa da Copa do Mundo. “No comércio, foi menos intensa, mas aconteceu”, afirmou nesta quinta-feira, 31, o superintendente adjunto de Ciclos Econômicos da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Aloisio Campelo. Passado o evento, a tendência esperada é de que a demanda volte a seu patamar habitual. “É como se as pessoas tivessem postergado o consumo de um bem. Além disso, a normalização se dará também em termos de dias úteis”, acrescentou.

As expectativas melhores já sinalizam para este processo de recuperação, observou o economista. No trimestre encerrado em julho, o índice de expectativas (IE) caiu 4,7%, bem menos do que a taxa de -6,0% registrada um mês antes, no mesmo tipo de comparação. A série ainda curta (desde março de 2010) não é ajustada sazonalmente, mas um dado ainda experimental apontou avanço de 6,7% no IE em julho ante junho, puxando o que seria um aumento de 3,2% na confiança no período.

Apesar disso, as percepções sobre a situação atual pioraram. No trimestre até julho, a queda foi de 8,9% em relação a igual período de 2013, contra -7,1% em junho na mesma base. No ajuste experimental, a queda na margem foi de 2,2% este mês.

Mesmo com a melhora, a perspectiva para o ano segue sendo a de um resultado fraco. “Isso não tira a percepção de um ritmo fraco. Não esperamos aceleração no terceiro e no quarto trimestres em termos de vendas”, afirmou Campelo, que projeta um avanço entre 3,5% e 4,0% no volume de vendas do varejo restrito em 2014.

“Não tem como fugir da queda (na confiança) que ocorreu ao longo do ano. Mesmo subindo em julho, não foi suficiente”, acrescentou o economista. Segundo ele, os resultados de vendas em agosto e setembro já devem ser melhores do que no primeiro semestre deste ano, mas ainda não está descartada a chance de que o terceiro trimestre apresente estagnação na atividade varejista. “A demanda não está tão fraca quanto os meses de maio, junho e julho sinalizaram, então há uma correção de rota. Isso deve influenciar resultados de vendas de agosto, setembro e outubro, mas não representa aceleração”.

Entre os segmentos, a melhora da confiança foi mais perceptível entre os veículos, as motocicletas e os artigos culturais. No caso dos veículos e motos, contudo, o patamar segue baixo, diante da antecipação de compras por parte dos consumidores nos anos anteriores e da taxa de juros mais elevada. Móveis e eletrodomésticos, por sua vez, demonstraram deterioração na confiança, com piora nas expectativas.

Emprego

O indicador de emprego para o setor do comércio apresentou leve melhora, depois de atingir o menor nível da série em junho, notou Campelo. Apesar disso, o resultado é insuficiente para influenciar o ímpeto de contratações. “O período maior de desaceleração continua, e o setor não acredita numa aceleração sustentável ao longo de vários trimestres”, disse.

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