Em uma palestra realizada na noite de terça-feira, 18, para prefeitos do interior paulista, recém filiados ao PSDB, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso criticou duramente as insinuações do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) de que a Polícia Militar da Bahia teria executado o miliciano Adriano da Nóbrega.
Em um movimento que uniu chefes de executivo do PT ao DEM, 20 dos 27 governadores a elaborarem uma carta "em defesa do pacto federativo" e em solidariedade ao baiano Rui Costa (PT).
"Foi uma grosseria inaceitável. Se você precisa tratar bem os deputados, o que dizer dos governadores. Eles representam os Estados. Não me lembro de já ter visto uma carta assinada pela maioria dos governadores contra o presidente da República. Uma coisa rara, que mostra como é rara a gravidade do ato", disse FHC.
Na sexta-feira, Bolsonaro apontou Costa como responsável pela operação policial que resultou na morte de Adriano, classificada por ele como uma "provável execução sumária" para queima de arquivo. Segundo Bolsonaro, a "polícia do PT" não procurou "preservar a vida de um foragido". Em um discurso que durou mais de uma hora, FHC também disse aos novos tucanos que Bolsonaro "governa por antagonismo" e que essa não é a melhor maneira.
O governador João Doria chegou ao evento durante a palestra de FHC e fez uma fala breve que também mirou Bolsonaro. "Vocês estão assistindo a palestra de um democrata que nunca desrespeitou um jornalista, que nunca mudou o tom para atacar a imprensa", disse Doria.
O governador se referia às ofensas proferidas pelo presidente Jair Bolsonaro contra a repórter Patrícia Campos Mello, do jornal <i>Folha de S.Paulo</i>. O mandatário questionou, com insinuação de caráter sexual, a atuação dela em reportagens sobre o disparo massivo de mensagens durante a campanha eleitoral.
Organizado pelo presidente estadual do PSDB, Marco Vinholi, que também é secretário estadual de Desenvolvimento Regional, o evento de ontem marcou a filiação de 8 prefeitos do interior ao partido.