Economia

Fiemg: ritmo de contratação diminui e tendência é haver demissões

A indústria mineira ainda está com saldo positivo na criação de postos de trabalho, mas a situação pode se reverter no decorrer do ano. Segundo dados da pesquisa mensal de indicadores industriais Index, elaborada pela assessoria econômica da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), em fevereiro a geração de emprego industrial encolheu 0,57% ante janeiro, em dados dessazonalizados, e 3,47% na comparação com fevereiro de 2014. No primeiro bimestre do ano, há uma diminuição de 2,69% em relação ao mesmo período de 2014.

Segundo o presidente do Conselho de Política Econômica Industrial e vice-presidente da Fiemg, Lincoln Gonçalves Fernandes, no primeiro bimestre algumas empresas “primarizaram” a mão de obra que até então era terceirizada, como foi o caso da extrativa. “Passada essa fase, ainda principalmente com a eventual implantação da lei da terceirização, a tendência é de que haja demissões”, afirmou a jornalistas, em coletiva de imprensa.

No acumulado do ano, a maior influência negativa veio dos setores de bebidas (-26,57%), máquinas e equipamentos (-17,65%) e veículos automotores (-10,28%). “A indústria automotiva neste começo do ano deu férias coletivas e a de máquinas e equipamentos está com demanda muito fraca. Tudo isso é reflexo de uma economia ruim”, disse, salientando não ter informações para justificar as dificuldades do setor de bebidas no período.

Em contrapartida, os setores nos quais a contratação registrou maiores aumentos foram os de produtos de metal (17,31%) e couro e calçados (10,46%). “O segmento de calçados está começando a apresentar uma melhora. Com um câmbio desvalorizado, houve uma época em que foi dada prioridade a nichos de mercado e produtos. Hoje, mesmo com um dólar forte ante o real, o que encarece os insumos importados, a indústria consegue ser rentável porque também tem atuado com itens básicos, além de ter ampliado suas exportações”, afirmou.

Outros dados citados pela Fiemg que mostram que o ritmo de contratações caiu e o risco de demissões no Estado no decorrer do ano é alto são os do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged). De acordo com o gerente de Economia da federação, Guilherme Leão, em 2014 em Minas Gerais o saldo do Caged ficou negativo, com demissão de 34.751 pessoas, principalmente da construção civil, veículos automotores e metalurgia básica, ante 11.891 postos criados em 2013. Nem em 2009, ano do auge da crise econômico-financeira mundial, o cenário foi tão ruim. Naquele período, foram gerados 25.610 postos no Estado.

“No primeiro bimestre, pelos levantamentos do Caged, foram gerados 5.654 empregos ante 25 mil postos criados no mesmo período de 2014. O volume caiu muito e ao longo do ano pode diminuir mais. O saldo deve terminar negativo, como no ano passado”, ressaltou Leão.

Massa salarial e horas trabalhadas

A massa salarial no Estado, conforme os dados da Fiemg, diminuiu 14,55% no primeiro bimestre ante o mesmo período de 2014. Também recuou 20,22% em fevereiro ante janeiro, em bases dessazonalizadas, e 23,40% ante fevereiro do ano passado.

As horas trabalhadas acompanharam o movimento. Houve queda de 10,96% no bimestre e recuo de 2,61% em fevereiro ante janeiro e 13,53% ante fevereiro de 2014. Esse comportamento, conforme os especialistas da Fiemg, é decorrente em boa parte da greve dos caminhoneiros. As mais prejudicadas foram as indústrias de bebidas, cujas horas trabalhadas diminuíram 17,11% em fevereiro ante janeiro, e veículos automotores, com queda de 23,85% na mesma base de comparação.

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