O futuro do brasileiro Marco Polo Del Nero, presidente afastado da CBF, começará a ser definida nesta sexta-feira. A Fifa realizará audiência em seu Comitê de Ética em Zurique com o objetivo de ouvir a defesa do cartola. Nesta segunda-feira, os advogados do brasileiro entregaram ainda a defesa de Del Nero, que será analisada nos próximos cinco dias, antes da audiência.
O dirigente foi indiciado nos Estados Unidos por corrupção e lavagem de dinheiro. Mas, ao permanecer no Brasil, conseguiu evitar ser preso e extraditado para Nova York, onde seria julgado. Em dezembro, diante das evidências apresentadas por promotores norte-americanos às cortes de Nova York citando a suposta corrupção de Del Nero, a Fifa optou por afastá-lo por 90 dias, enquanto julgava seu caso.
Se condenado e banido, Del Nero terá de abandonar o futebol, abrindo espaço para eleições na CBF. O Estado apurou que a Fifa pode, com todas as informações em mãos, esperar até abril para tomar uma decisão. Isso por conta da data também estabelecida pela Corte em Nova York para o anúncio da sentença contra os cartolas julgados nos EUA, entre eles José Maria Marin.
Mas a defesa do brasileiro insiste que existem pelo menos duas brechas para desmontar as acusações. A primeira delas é de que, ao contrário do que ocorreu com José Maria Marin, não existiriam provas concretas do recebimento de propinas, que chegariam a US$ 6,5 milhões (cerca de R$ 25 milhões).
Outro argumento utilizado é de que, em dois anos, a Fifa jamais produziu um só documento de evidências contra Del Nero, baseando toda sua acusação em investigações realizadas por terceiros. No caso, a Justiça dos EUA.
Na sexta-feira, Del Nero não viajará até Zurique para a audiência no Comitê de Ética, que tem a incumbência de determinar sua pena. Seus advogados estarão na Suíça. O dirigente brasileiro, porém, estará à disposição para responder a perguntas por meio de uma videoconferência.
A realização de videoconferências com suspeitos ou envolvidos em casos de ética não é exatamente uma novidade no mundo dos esportes. A Corte Arbitral do Esporte (CAS), por exemplo, usa o sistema com frequência, inclusive para agilizar os trâmites de casos e não vê como um problema a ausência física da pessoa em questão.
Na Fifa, porém, fontes revelam ao Estado que uma saia-justa pode ser escancarada se algum dos membros do Comitê de Ética resolver fazer uma pergunta simples: por qual motivo o suspeito não pode comparecer à audiência para se defender?