Estadão

Filha de Jefferson diz que críticas de Bolsonaro ao pai são justificáveis

A ex-deputada federal Cristiane Brasil, filha de Roberto Jefferson, ex-deputado preso após atacar com tiros de fuzil e granadas agentes da Polícia Federal que cumpriam um mandado de prisão contra ele no domingo, 23, defendeu nesta segunda-feira, 24, o comportamento do presidente Jair Bolsonaro em relação a seu próprio pai. Candidato à reeleição pelo PL, Bolsonaro tentou se distanciar de Jefferson, um antigo aliado que se tornou incômodo após a reação violenta contra os agentes que tentavam levá-lo de volta à prisão fechada, cumprindo ordem do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).

O mandatário negou ser amigo do ex-deputado e disse que tratamento dispensado a quem atira em policial é o de "bandido". Aliada fiel do presidente, a petebista disse que a atitude de Bolsonaro é "justificável" a uma semana da eleição e afirmou que conversará com o mandatário após a eleição.

"É justificável que ele tenha essa reação faltando uma semana para a eleição. O mais importante é ele seguir com a cabeça focada em vencer o Lula e as forças comunistas do PT", afirmou.

De acordo com Cristiane, "ainda é muito cedo para analisar a reação do presidente porque ele está com a cabeça envolvida na eleição". "Qualquer coisa nesse momento que ele fizer, seja contra ou a favor do meu pai, eu acho um pouco precipitado a gente fazer um julgamento de opinião, falar: "ah, o cara tá errado, tá certo…". Depois da eleição a gente conversa", disse.

A ex-deputada deve ser investigada por ter usado sua conta no Twitter para divulgar o vídeo em que o pai insulta a ministra do STF Cármen Lúcia. Ela diz que os advogados da família ainda devem decidir o que fazer em relação à prisão do pai. "Eu acompanhei toda a situação ontem (domingo). Vou falar com os advogados agora pela manhã para saber a situação e o que eles vão fazer", disse.

<b>Mudança de tom</b>

Em entrevista à Record TV, Bolsonaro disse que "não tem nada de amizade" com o ex-parlamentar. "Agora em meados de setembro ele entrou com uma queixa-crime contra o Superior Tribunal Militar, contra minha pessoa e do senhor ministro da Defesa, por prevaricação. Ou seja, quem me processa não pode alguém achar que ele é meu amigo", disse.

Bolsonaro ainda tentou colar o aliado ao seu adversário nas eleições, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), lembrando o envolvimento de Jefferson no esquema de corrupção do Mensalão.

"Nós não passamos pano para ninguém, diferentemente do Lula, que quando Roberto Jefferson delatou o Mensalão, delatou inclusive José Dirceu, o Lula simplesmente passou pano para tudo isso. Nós não somos amigos, não temos relacionamento", disse, sobre o ex-deputado.

O presidente mudou de tom em relação ao ex-parlamentar durante o domingo, enquanto a crise se desenvolvia. Em sua primeira manifestação sobre o caso, evitou ataques fortes, dizendo que repudiava tanto as falas de Jefferson a respeito da ministra Cármen Lúcia quanto sua ação contra os policiais, mas também atacando os inquéritos de que o ex-deputado é alvo. Mais tarde, no entanto, mostrou-se mais incisivo. "O tratamento dispensado a quem atira em policiais é o de bandido. Presto minha solidariedade aos policiais feridos no episódio", afirmou, em vídeo publicado no Twitter.

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