O cantor e músico Pedro Mariano, filho da cantora Elis Regina e do pianista e maestro Cesar Camargo Mariano, disse em uma recente entrevista que convive há muitos anos com as comparações por ter escolhido o mesmo ofício da mãe.
"Se não é a primeira, é a segunda pergunta que mais respondo ao longo da minha vida", afirmou o cantor, em entrevista ao Sonoro Podcast.
Pedro diz que, ao longo dos anos, seu pensamento sobre a questão se modificou.
"No começo da minha carreira, me incomodava profundamente, porque eu sentia que as pessoas não davam a chance de eu ser quem eu sou antes de fazer qualquer tipo de observação. Somos indivíduos. Eu nasci do meu pai e da minha mãe, ok, e eu posso ser um bosta. Nas possibilidades, essa é uma delas. Agora, você precisa dar a chance do cara se mostrar um bosta ou não, né? Você tem que deixar isso rolar", argumentou.
Pedro diz que, ao tentar entender a cabeça das pessoas (fãs), percebeu que não tem como administrar as expectativas de todos. "Se a pessoa está olhando para mim e querendo personificar Elis Regina, eu já aviso antes: vai dar ruim. Ela é muito melhor. Mas ela não é um pouquinho melhor, ela é estratofericamente melhor", disse.
O cantor afirmou que, em virtude da ausência da mãe, que morreu em 1982, é uma "covardia" compará-lo, não só ele, mas qualquer pessoa à Elis.
"Tecnicamente, artisticamente e espiritualmente, ela não está aqui para entrar em decadência, para acabar a voz, para ficar rouca, para fazer um disco ruim, para dar uma entrevista errada, para votar no presidente errado. Ela se coloca em um lugar inatingível. (…) É uma covardia me comparar a isso. É uma covardia comparar qualquer um a isso. E injusto".
Recentemente, uma campanha publicitária com a imagem de Elis recriada artificialmente gerou polêmica. Na peça, Elis fazia um dueto com a filha na canção Como Nossos Pais, de Belchior, enquanto as duas dirigiam carros de diferentes gerações.
A propaganda emocionou muitas pessoas, mas também causou um debate sobre os limites do uso da inteligência artificial envolvendo voz e imagem de artistas mortos. A propaganda foi alvo de denúncia no Conar, o Conselho Nacional Autorregulamentação Publicitária.