O filho do presidente da Colômbia, Gustavo Petro, vai a julgamento por corrupção depois de fracassar seu acordo de colaboração com o Justiça. O Ministério Público do país apresentou na última segunda-feira, 25, a denúncia por enriquecimento ilícito e lavagem de dinheiro contra Nicolás Petro Burgos, filho mais velho do presidente.
Em comunicado, o Ministério Público informou que decidiu apresentar a acusação aos Tribunais Criminais do Circuito Especializado de Barranquilla e que ainda será nomeado o juiz responsável pelo julgamento. Petro Burgos foi preso em 29 de julho, mas chegou a um acordo de colaboração com a Justiça, o que lhe permitiu responder ao processo em liberdade.
Porém, já há alguns dias os jornais colombianos indicavam que o acordo não estava sendo bem sucedido, pois Nicolás Petro não estaria fornecendo as novas informações e documentos esperados pelo acordo. A defesa chegou a pedir extensão dos prazos.
O Ministério Público começou a investigar Nicolás Petro Burgos em março, após acusações de sua ex-mulher, Daysuris Vásquez, de que o filho primogênito do presidente, que era deputado na Assembleia do departamento de Atlântico, recebeu dinheiro ilícito para a campanha presidencial de 2022.
Diferentemente de Petro Burgos, Daysuris Vásquez estaria colaborando com a Justiça fornecendo informações-chave para a investigação, de acordo com a imprensa colombiana.
Após ser preso, Petro Burgos admitiu, segundo a promotoria, que recebeu dinheiro do ex-traficante de drogas Samuel Santander Lopesierra, conhecido como "o homem Marlboro", e de Gabriel Hilsaca Acosta, filho do polêmico empresário Alfonso "Turco" Hilsaca.
Parte desse dinheiro supostamente foi para a campanha presidencial de seu pai em 2022, embora Petro Burgos tenha alegado em uma entrevista à revista Semana que o agora presidente não sabia disso.
O Conselho Nacional Eleitoral (CNE) deve investigar se esse dinheiro foi registrado pela campanha presidencial de Petro e, dessa forma, determinar se o então candidato sabia ou não.
Sua ex-esposa revelou na imprensa as acusações contra Nicolás Petro. Segundo ela, Samuel Santander Lopesierra deu a seu ex-companheiro o equivalente a cerca de US$124 mil (R$585 mil na cotação atual). Ela chegou a exibir extratos bancários de seu ex-marido, mostrando valores muito superiores ao salário correspondente ao cargo de deputado.
O anúncio de Nicolás Petro de colaborar com a Justiça lhe abriu a porta para um recurso que é utilizado pelo Ministério Público na Colômbia para evitar o julgamento de um acusado e acordar antecipadamente uma sentença.
Este recurso é utilizado quando as provas apresentadas são tão convincentes que o réu prefere colaborar com a Justiça e tentar chegar a um acordo. Neste caso, porém, o Ministério Público apresentou a acusação.
Neste momento, não se sabe se a Promotoria irá solicitar a revogação da liberdade condicional do filho do presidente, o que implicaria que Nicolás Petro regressaria à prisão enquanto decorre o julgamento e se determina se é culpado ou inocente.
Petro Burgos reagiu na rede social X (antigo Twitter) ao anúncio do Ministério Público: "Hoje começa a luta da minha vida, eu sabia que o Ministério Público não era confiável e hoje mostraram isso. Eles me levaram ao limite com a única intenção de me transformar em uma arma contra meu pai. Decidi me levantar e não me ajoelhar diante do carrasco."
Petro foi criticado por se dissociar da educação de seu filho mais velho, alegando que não o criou, e após a prisão dele disse que estava magoado com "tanta autodestruição" e esperava que pudesse "refletir sobre seus próprios erros". No entanto, semanas depois, o presidente colombiano o visitou em sua casa em Barranquilla. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)