Estadão

Filho de Janete Clair e Dias Gomes lembra pais em curta

O baterista e compositor Alfredo Dias Gomes, filho de Dias Gomes (1922-1999) e Janete Clair (1925-1983), dois dos maiores autores brasileiros de telenovelas, lança o curta-metragem de animação A Lenda, acompanhado pelo single de mesmo nome, composto por ele. O projeto homenageia seus pais.
Na animação, um rapaz, que parece ter uma imensa corcunda, se sente solitário e discriminado em meio a uma grande cidade. Ao embarcar em um vagão de metrô, ele conhece uma garota, com as mesmas características, mas ela está de saída do trem.

Os dois se perdem pela cidade e se reencontram em um tempo futuro, quando o rapaz pensava em tirar a própria vida. Com ajuda da garota, ele remove a grande capa com a qual esconde, na verdade, suas asas. Juntos, eles sobrevoam a cidade.

<b>INSPIRAÇÃO</b>

O personagem criado por Alfredo faz referência a João Gibão, da novela Saramandaia, de 1976, um dos muitos criados por seu pai. Gibão, interpretado pelo ator Juca de Oliveira, também era um sujeito retraído, que escondia seu par de asas. No remake da trama, em 2013, o papel foi defendido por Sergio Guizé.

Dias Gomes também explorou o mesmo tema em uma produção anterior, O Bem-Amado, produzida em 1973, uma adaptação para a TV da peça de teatro escrita por ele em 1962. Dessa vez, era o personagem Zelão das Asas, papel vivido por Milton Gonçalves, que tinha o sonho de voar. Para isso, ele construía um par de asas para alçar voo de cima da torre da igreja de Sucupira.

O autor, um dos mais perseguidos pela ditadura militar, usava do realismo fantástico para criar metáforas e tratar de temas que eram proibidos pela censura federal. No caso de Zelão das Asas, por exemplo, Dias Gomes contestava a fé cega – o personagem queria voar para pagar uma promessa.

<b>OUTROS TRABALHOS</b>

Ligado ao jazz, Alfredo Dias Gomes, de 60 anos, tem 12 álbuns lançados e estreou na carreira aos 18 anos, tocando na banda de Hermeto Pascoal. Ele já havia produzido outra animação, Saudade, no ano passado, com a qual homenageou o irmão, morto quando ainda era criança. Com ela, Alfredo ganhou sete prêmios internacionais.

As informações são do jornal <b>O Estado de S. Paulo.</b>

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