“Meu sonho é estar na elite do MMA, sustentar minha Família e viver do esporte”. A frase é de Acácio Pereira dos Santos, morador de Guarulhos que, apesar de ocupar a segunda posição de sua categoria no ranking nacional do esporte, vive uma realidade diferente dos grandes lutadores conhecidos pelo UFC.
Mais novo dos sete irmãos, o filho de lavradores nasceu na pequena Ponto dos Volantes, cidade na região de Teófilo Otoni, com 12 mil habitantes, e distante 600 quilômetros da capital Belo Horizonte. Foi no município próximo à divisa de Minas Gerais com a Bahia que Pereira deu os primeiros passos no esporte, jogando capoeira. “Na minha cidade só tínhamos capoeira e futebol”, lembra Acácio.
Apesar da infância humilde, o lutador, que tem esposa e um filho, Thomaz, de três anos, não reclama da situação e enfatiza que nunca faltou sustento em sua família. “Meus irmãos mais velhos pegaram fases piores. Mas, nenhum de nós seguiu o caminho errado e meus pais nunca deixaram a gente passar fome”, complementa.
Em 2010, aos 18 anos, Acácio desembarcou em Guarulhos – onde um de seus irmãos morava – em busca do ingresso no mercado de trabalho. O atleta, que terminou o ensino médio, permanece na cidade até hoje e enxergou no esporte uma chance de mudar de vida. “Comecei trabalhar como metalúrgico e bati os 140 quilos. Perdi 35 deles em quatro meses e fiz minha primeira luta de MMA amadora. Fui finalizado em menos de um minuto”, explica.
Após o revés no primeiro duelo, contudo, Pereira não desanimou e iniciou uma trajetória positiva em sua carreira. “Minha primeira luta profissional foi com 84 KG, em Guarulhos. Ganhei por nocaute e hoje tenho um cartel de 13 vitórias e 3 derrotas. Tenho nove triunfos consecutivos e sou o segundo colocado na minha categoria no ranking nacional”, afirma.
Fã de UFC, Acácio não esconde o desejo de subir mais um patamar e ser convidado para a elite do MMA. Entretanto, ele lembra que o caminho é longo para alcançar o sonho. “A realidade é cruel. Sem um investidor, não tem como se dedicar ao máximo. Hoje sou segurança e faço o esporte no tempo que me sobra. Não conseguiria me manter e manter minha família caso eu largasse o emprego”, lamenta.
Entre as idas e vindas da verdadeira luta por um objetivo, Pereira quebrou a mão em uma luta, que o obrigou a uma intervenção cirúrgica, procedimento também realizado após uma lesão no joelho. Ele até capotou um carro horas antes de entrar no ringue. “Graças a Deus estou aqui para contar a história”, justifica.
O persistente lutador admite toda a dificuldade do MMA, mas ressalta um amor maior ao esporte do que esses obstáculos. Orgulhoso da cidade em que mora, ele revela gratidão a Guarulhos pelo acolhimento. “Sempre carrego o nome e a bandeira de Guarulhos. Assim também como da minha família, da minha esposa – que conheci no MMA – e ao nosso filho, a quem planejo um grande futuro”, afirma.
“Meu sonho é um dia conseguir viver do esporte, frequentar a elite do MMA, treinar integralmente e sustentar minha Família fazendo o que eu amo. Faltam oportunidades e pessoas que acreditem no esporte”, finaliza o lutador que, apesar da brilhante trajetória, contabiliza apenas dois apoiadores.
