Política

Fim da CDHU, proposto por Doria, pode impactar projetos habitacionais em Guarulhos

Governador de SP enviou projeto à Assembleia Legislativa propondo fim da Furp, CDHU e outras oito empresas públicas

A Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano (CDHU) é uma das dez empresas públicas que o governador João Doria pede a extinção em projeto de lei enviado à Assembleia Legislativa na semana passada. Para o secretário de Habitação de Guarulhos, Silvio Figueiredo, uma possível aprovação do texto pelos deputados estaduais pode impactar negativamente o município.

O “dossiê” do governador contém 69 páginas e, em apenas três parágrafos, ele explica o motivo de pedir o encerramento da companhia. O documento diz que a CDHU “perdeu espaço na operação direta de construção e financiamento habitacional” por causa de programas federais, estaduais e PPPs.

Fundada em 1949, a CDHU é o maior agente promotor de moradia popular no Brasil. Desde então, ela já proporcionou um lar a mais de 500 mil famílias em São Paulo e atualmente movimenta cerca de R$ 1,5 bilhão por ano. A empresa já teve o nome de Cecap (Caixa Estadual de Casas para o Povo) e foi responsável pelo maior projeto habitacional de Guarulhos entre o fim dos anos 60 e início da década de 70, o conjunto que deu origem ao nome do bairro. 

“O fim da CDHU pode impactar a cidade, sim. Hoje, Guarulhos tem um relacionamento muito bom com a CDHU pelo conhecimento que tenho. O atual presidente é meu amigo e tudo que precisei foi prontamente atendido. Temos vários conjuntos construídos em Guarulhos. Para a gente, seria um prejuízo. Guarulhos tem todo interesse na continuidade da CDHU”, afirma Silvio Figueiredo.

“É um absurdo, uma proposta descabida, mesmo porque a CDHU é uma empresa de desenvolvimento habitacional, tem um histórico fabuloso e serviu de exemplo para o país. Hoje, temos várias delas pelo país, não com o mesmo nome, mas todos os grandes estados copiaram o modelo da CDHU”, completa o arquiteto, que já foi secretário Executivo na Secretaria de Habitação de São Paulo.

Segundo o Estado, após o fim da CDHU, a secretaria ficaria responsável pelos programas habitacionais para atender a população de baixa renda. O Sincohab (Sindicato dos Trabalhadores nas Empesas e Cooperativas Habitacionais e Desenvolvimento Urbano no Estado de São Paulo) é contra a proposta sob alegação de que, além de construir, a companhia faz gestão dos conjuntos e realiza trabalhos de recuperação de áreas de risco e realiza trabalhos de interlocução com as comunidades.

Hoje, moram mais 2,2 milhões de pessoas em apartamentos construídos pela CDHU, cerca de 800 mil habitantes a mais do que a cidade de Guarulhos e número parecido com as populações de Acre, Amapá e Roraima que, somadas, atingem pouco mais de 2,3 milhões.

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