Era para ter acontecido em 2019, mas o banco digital alemão N26 vai desembarcar agora no Brasil para concorrer em um terreno ainda mais competitivo. Apesar de prestar serviços similares aos dos concorrentes no mercado brasileiro, como Nubank, Inter e todos os bancos digitais ligados às grandes instituições financeiras, o N26 promete ser diferente e fala em lançar a "segunda geração de fintechs" no País.
O diretor-geral da empresa no Brasil, Eduardo Prota, se apoia na ideia de que a primeira geração de fintechs serviu para democratizar o acesso às ferramentas financeiras. Agora, faltam aquelas empresas que vão ajudar os brasileiros a cuidar melhor do seu dinheiro. "O acesso aos produtos financeiros ficou fácil, mas o aconselhamento segue difícil", afirma.
Prota, no entanto, afirma que apenas criar conteúdo não é o suficiente. Por isso, a empresa quer importar ferramentas da operação internacional. Uma das grandes apostas é o "Spaces", que consiste em criar uma conta compartilhada entre as pessoas.
O executivo dá o exemplo da funcionalidade em um churrasco: basta um usuário criar uma subconta, inserir outros amigos, e todos passarão a ter acesso aos gastos e à arrecadação, assim como a divisão do montante entre os participantes.
Além disso, o N26 explora algumas ferramentas já vistas em outras fintechs por aqui, como cashback, e outras novas, como antecipação de salário em dois dias.
O N26, ao contrário de grande parte dos bancos digitais, não quer ser um banco inteiramente gratuito. Ele oferecerá o básico de graça, mas vai adotar o modelo "freemium". Ou seja, para usar algumas ferramentas, o cliente terá de pagar. No Brasil, segundo Prota, ainda não há valores definidos, mas na Europa os clientes chegam a pagar até 20 por mês.
Os investidores apostam que o modelo pode dar certo. Em outubro, a companhia recebeu um aporte de US$ 900 milhões, o que fez a empresa ser avaliada em US$ 9 bilhões, se tornando o segundo banco mais valioso da Alemanha.
<b>PANDEMIA</b>
A estreia no País foi atrasada em dois anos. A N26 havia planejado a chegada ao mercado brasileiro entre 2019 e 2020, mas, com a pandemia, os alemães pisaram no freio. O time de 15 pessoas foi dispensado na época, e Prota ficou cuidando mais da burocracia.
Um dos passos dados nesse período foi a obtenção da licença de Sociedade de Crédito Direto do Banco Central. Mas, como a empresa tinha aberto um pré-cadastro naquela época, atualmente já existe uma base de 200 mil pessoas na fila para ter uma conta.
Para o professor de empreendedorismo do Insper, Marcelo Nakagawa, a entrada de mais um concorrente forte no Brasil é boa para o consumidor e mostra que ainda há espaço para mais disputas. "A briga está muito no início e, com o seu modelo, o N26 tende a pegar um cliente um pouco mais sofisticado do que os concorrentes", diz Nakagawa.
As informações são do jornal <b>O Estado de S. Paulo.</b>