O cenário de incerteza geopolítica, na esteira de um agravamento das tensões entre Irã e Israel, somado ao movimento recente de desvalorização do real pode até pressionar a inflação doméstica à frente, mas não a ponto de haver uma disparada significativa nos preços. A avaliação é do coordenador do Índice de Preços ao Consumidor da Fundação Instituto de Pesquisa Econômica (IPC-Fipe), Guilherme Moreira.
O economista aponta que um aumento no preço do barril de petróleo tende a trazer pressão para a inflação do curto prazo, sobretudo com possíveis aumentos no preço da gasolina e do diesel, mas que ainda é cedo para fazer qualquer avaliação. "O outro ponto de atenção é o câmbio, que aí poderia ter um impacto mais generalizado em preços de alimentos e itens industrializados", atenta.
Moreira reforça, porém, que essas pressões, se vierem a se concretizar, seriam de curto prazo e que, por ora, não tendem a trazer mudanças significativas para o cenário de inflação do País em 2024. "Não alteramos nossa projeção para o IPC-Fipe do ano, que segue de 4,2%. Pode ser que chegue a um 4,5%, mas o cenário que vemos hoje é dos principais grupos do indicador com inflação controlada", afirma.
<b>Abril</b>
O IPC-Fipe desacelerou a 0,23% na segunda quadrissemana de abril, após alta de 0,26% na primeira leitura do mês, conforme divulgou a fundação pela manhã.
O resultado anunciado nesta quarta-feira, avalia Moreira, veio dentro da normalidade, com a continuidade da descompressão sazonal do grupo Alimentação (0,75% para 0,57%); o grupo Transportes (-0,07% para -0,02%) bem controlado, ainda sem pressão dos combustíveis; e a também já esperada aceleração de Saúde (0,46% para 0,66%), como efeito do reajuste de medicamentos do período.
O coordenador projeta que o IPC deve encerrar abril com alta de 0,33%, residualmente acima da variação de 0,26% de março.