Economia

Fipe prevê desaceleração da inflação em SP para 0,69% em fevereiro

A forte pressão de alta trazida pelos reajustes nas tarifas de transporte urbano e pelos aumentos em mensalidades e materiais escolares na inflação na capital paulista em janeiro devem desaparecer e o Índice de Preços ao Consumidor (IPC) tende a fechar com uma taxa menor no mês seguinte. Ao avaliar o IPC do primeiro mês do ano, que avançou para 1,37% (ante 0,82%), o coordenador do índice da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), André Chagas, estima 0,69% para fevereiro.

“Energia também pode ajudar, após o aumento na tarifa de eletricidade pública em janeiro, de quase 73%”, disse Chagas. “A inflação de janeiro foi contratada e com forte influência de Transporte, Educação e Alimentação”, afirmou.

A previsão da Fipe é de que o grupo Transportes termine este mês com inflação de 1,05%, depois de 2,19% em janeiro, por causa da influência de 0,25 ponto porcentual da elevação nas tarifas de transporte público na cidade de São Paulo, disse Chagas.

Para Educação, que fechou o mês com avanço de 7,62%, a Fipe espera 0,48%. Já o conjunto de preços de Habitação, conforme a Fipe, pode arrefecer para alta de 0,30%, na comparação com o avanço de 0,64% no fim de janeiro. “Salvo algumas surpresas, energia elétrica pode pressionar menos a inflação. Além da ajuda das chuvas, que vem elevando o nível de reservatórios, a recessão pode fazer com que o consumidor diminua ainda mais o consumo”, estimou, lembrando que neste ano o reajuste do IPTU pode ficar na faixa de 2,30%, abaixo da média do ano passado.

A despeito da expectativa de taxas menores para Transportes, Habitação e Educação no IPC de fevereiro, Chagas alerta que o excesso de chuvas ou de seca pode fazer com que os alimentos in natura continuem caros e incomodando a inflação paulistana. As coletas de fevereiro da Fipe mostram que os preços de alguns legumes, verduras, frutas e tubérculos continuam elevados, embora com alguma desaceleração. “Talvez o segmento de in natura não atinja a marca de 10%, mas diminua para a metade dessa taxa, que ainda é alta”, disse.

Em janeiro, a categoria de in natura terminou em 9,68%, após 10,01% na terceira leitura do mês e 3,23% no fechamento de dezembro. Os demais componentes do grupo Alimentação, que encerrou com alta de 2,36%, ante 1,55% no último mês de 2015 e de 1,53% na terceira medição de janeiro, fecharam com desaceleração em relação a dezembro. Os semielaborados tiveram alta de 0,35%, ante 1,39%, enquanto os industrializados ficaram em 1,18% (de 1,29%).

Dentro dos in natura, Chagas destacou a alta de 25,63% dos legumes. Neste segmento, ele citou como exemplo a variação de quase 50% nos preços da vagem; de 46,46% da cenoura; de 36,02% da abobrinha; e de 31,79% do tomate. “O grande mote da inflação de alimentos em janeiro foram os in natura, mas os industrializados, apesar da desaceleração, continuaram pressionados, principalmente pelo açúcar”, afirmou. O avanço do preço do produto arrefeceu no IPC do mês passado para 4,77%, mas a taxa acumulada em 12 meses está em 39,09%, ponderou.

12 meses

A expectativa da Fipe é que o IPC acumulado em 12 meses também diminua o ritmo de alta na leitura de fevereiro. Se a previsão de 0,69% para o dado mensal for confirmada, o IPC poderá desacelerar de 10,79% até janeiro, para perto de 10% em 12 meses concluídos em fevereiro.

“Se não tivermos nenhuma grande surpresa em energia, em relação à China, nenhuma notícia desfavorável que influencie as contas públicas e que necessite aumento nos preços administrados, o IPC caminha para fechar o ano um pouco abaixo de 6,50%”, disse, ao se referir ao teto da meta de inflação estipulada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Chagas calcula que o IPC-Fipe poderá fechar 2016 em 6,23%.

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