A relação entre o preço do etanol e o da gasolina atingiu em dezembro na capital paulista a maior marca desde abril de 2011, quando ficou em 80,80%, de acordo com a Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe). No último mês de 2015, a equivalência entre os preços dos combustíveis ultrapassou o nível psicológico de 70%, ao ficar em 73,09%, após 65,26% em dezembro de 2014.
Para especialistas, o uso do etanol deixa de ser vantajoso em relação à gasolina quando o preço do derivado da cana-de-açúcar representa mais de 70% do valor da gasolina. A vantagem é calculada considerando que o poder calorífico do etanol é de 70% do poder do combustível fóssil. Com a relação entre 70% e 70,5%, é considerada indiferente a utilização de gasolina ou etanol no tanque.
De acordo com o gerente técnico de Pesquisas do Índice de Preços ao Consumidor (IPC) da Fipe, Moacir Mokem Yabiku, parte do encarecimento do etanol em 2015 refletiu o reajuste no preço da gasolina, no fim de setembro, e o aumento do açúcar, que subiu quase 35% no exterior. Com isso, muitas usinas optaram por direcionar uma parcela maior de cana para a produção de açúcar, em detrimento do etanol, lembrou. “Provavelmente, essa alta de 34,82% do açúcar não deve se repetir em 2016”, estimou, acrescentando que espera certa moderação nessa equivalência.
Em dezembro, os preços do etanol e da gasolina desaceleraram, fazendo com que o grupo Transportes no IPC atingisse 0,36%, após 1,10% em novembro. No último mês do ano, o álcool combustível teve alta de 2,60%, depois do aumento expressivo de 11,14%, enquanto a gasolina teve elevação de 1,14%, ante 4,32% anteriormente. O IPC-Fipe, por sua vez, arrefeceu para 0,82% (de 1,06%), acumulando 11,07% em 2015 – a maior variação desde 1995 (23,17%).