Economia

Fipe: sem energia, 1ª prévia de abril do IPC cairia de 0,68% para 0,28%

A alta menor que a esperada nos grupos Alimentação e em Despesas Pessoais na primeira leitura do mês fez a Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) revisar para baixo a projeção para a inflação fechada de abril na capital paulista, apesar da forte pressão de energia elétrica. Sozinho, o item contribuiu com 0,40 ponto porcentual na alta de 0,68% do Índice de Preços ao Consumidor (IPC) da primeira medição. Sem a influência de energia, o IPC seria de 0,28%, informou nesta quinta-feira, 9, ao Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado, o gerente técnico de Pesquisas do IPC, Moacir Mokem Yabiku. A expectativa da Fipe é que a inflação na cidade de São Paulo encerre o quarto mês do ano em 1,01%, após estimativa anterior de 1,06%.

O conjunto de preços de alimentos desacelerou para 0,42% na primeira quadrissemana do mês (últimos 30 dias terminados na terça-feira, 7) ante 0,72% no fechamento de março, enquanto a Fipe esperava 0,52%. “Prevíamos uma queda menor em carnes bovinas, de 1,03%, e veio maior, de baixa de 1,72%. Houve recuo nas exportações, com demanda menos intensa”, justificou.

Já o grupo Despesas Pessoais arrefeceu para 0,15% na primeira leitura de abril em relação a uma previsão de 0,35% e também a uma taxa desse mesmo nível no encerramento do mês passado. Segundo o técnico da Fipe, o movimento reflete o enfraquecimento da atividade, que está diminuindo a procura por alguns bens. Isso porque, disse, houve declínio de 0,01% em bebidas alcoólicas e de 2,11% em Viagem/Excursão. “Cerveja foi o item que puxou, no caso de bebidas, com retração de 0,16%, possivelmente refletindo a mudança do clima e ainda pela menor demanda em relação ao mesmo período do ano passado. Em viagem, parece que também está tendo procura mais baixa”, disse.

Ainda como reflexo do desaquecimento da demanda, o técnico da Fipe afirmou que houve deflação de 0,23% em aquisição de veículos novos na primeira leitura do mês ante elevação de 0,18%. “Demanda fraca e estoques elevados”, contou. Por conta deste resultado e da queda de 1,76% nos preços do etanol (ante -0,28%) e nos da gasolina, de 0,04% (ante 0,46%), o grupo Transportes arrefeceu para 0,06%, depois de uma projeção de 0,16%.

Do lado da pressão de alta, o grupo Habitação (de 1,57% para 1,57%) teve a maior variação no IPC da primeira medição de abril. Sozinho, o item energia elétrica, que registrou taxa de 10,98%, foi o principal responsável pelo resultado do índice cheio, com 0,04 ponto porcentual de impacto ou 58,06% de toda a alta de 0,68% do IPC. “Sem a pressão de energia, o IPC da primeira quadrissemana seria de 0,28%, e não de 0,68%”, calculou.

Além da influência dos reajustes extraordinários das distribuidoras nas contas de luz que, no caso da Fipe os consumidores só sentem os impactos após receberem a fatura, no chamado regime de caixa, o grupo Habitação ainda se ressentiu do aumento nos preços de equipamentos eletroeletrônicos (0,15%) e em condomínio (0,85%). “No primeiro caso, pode estar relacionado com a alta do dólar e, no segundo, com acertos nos valores de provisões para pagamento de décimo terceiro”, explicou.

De acordo com o técnico da Fipe, o reajuste nos preços dos medicamentos, que passou a valer desde o dia 31 de março e que vai de uma alta de 5% a 7,7%, ainda não influenciou o IPC da primeira quadrissemana. “Esperávamos 0,54% para o grupo Saúde e veio 0,44%, em função de alta menor dos remédios (0,05%). O reajuste ainda não está sendo praticado para o perfil da população da Fipe”, disse, lembrando que o IPC-Fipe leva em consideração famílias com orçamento de um a dez salários mínimos.

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