O diretor de Política Econômica do Banco Central, Fabio Kanczuk, reconheceu nesta terça-feira, 19, que a questão fiscal é o assunto do dia, mas reforçou que o BC não se move na velocidade do mercado. "O mercado se move instantaneamente, enquanto o BC tem o seu ritmo, vai avaliar todas as informações e aí avaliar os impactos do fiscal sobre a dinâmica de inflação. O fiscal é sempre um componente exógeno. Não devemos seguir tudo que o mercado e diz e precisamos ter a nossa própria opinião", afirmou, em participação no JP Morgan Investor Seminar.
A partir da quarta-feira, 20, a diretoria colegiada do BC entra em período de silêncio prévio à reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) da próxima semana.
Para Kanczuk, a possibilidade de mudanças no regime fiscal já é considerada pelo BC em cenários alternativos desde o ano passado, que incluem a alta do prêmio de risco.
Em caso extremo, a política monetária precisa se adaptar para lidar com prêmios de risco maiores. "Não acho que cenário fiscal será tão extremo como 2015 e 2016. Ajustamos as probabilidades em nosso cenário de projeções para a inflação e, por causa do problema fiscal, temos dito que há assimetria no balanço de riscos. Não podemos considerar apenas cenário básico, mas um número acima por assimetria", completou.
Como mostrou o Broadcast (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado) na segunda-feira, 18, o Auxílio Brasil deverá pagar em média R$ 400 em 2022, ano em que o presidente Jair Bolsonaro buscará a reeleição.
Parte desse valor, cerca de R$ 100, seria contabilizado fora do teto de gastos, em uma vitória da ala política do governo sobre a equipe econômica.
O valor extrateto é estimado em R$ 30 bilhões.
O novo desenho deve ser anunciado oficialmente nesta terça-feira, às 17 horas, em cerimônia no Palácio do Planalto.