O codiretor de rating para Américas da Fitch Ratings, Todd Martinez, comentou que a dívida bruta alta e ascendente "não permite que o Brasil atinja o investment grade", pois o País precisa melhorar a gestão das contas públicas, que é o "ponto fraco" da economia nacional.
Martinez apontou que as regras do arcabouço fiscal são bem flexíveis e não implicarão em expressiva consolidação das contas públicas nos próximos anos. A Fitch prevê que o déficit primário como proporção do PIB atingirá 0,7% neste ano e 0,5% em 2025. Ele também ressaltou que para que a dívida bruta se estabilize o superávit do Orçamento precisaria atingir pelo menos 2% do PIB, enquanto que para o governo brasileiro é necessário apenas 1% do PIB. "Neste contexto, nos esperamos que a dívida bruta deverá ficar próxima a 80% do PIB em 2025 e superará esta marca em 2026."
Todd Martinez destacou que o fato do Brasil não atingir as metas fiscais nos próximos dois anos "não será necessariamente ruim", pois o arcabouço das contas públicas ao menos evita piora expressiva das contas públicas no longo prazo.
Por outro lado, Martinez apontou que reformas estruturais, como "a trabalhista, a tributária e a independência do Banco Central" podem ter elevado o potencial de crescimento do País. "Se PIB crescer 3,0% ou 4,0% poderá ser fator positivo para upgrade do rating do Brasil." A Fitch estima que o produto interno bruto subirá 1,7% neste ano. "O crescimento do PIB pode surpreender para cima mais rápido do que a melhora fiscal", disse. Ele fez os comentários em webinar promovido pela Fitch.