Opinião

Flamengo volta à 3ª divisão em busca de nova redenção


No último domingo, o estádio de São Bernardo do Campo, na Grande São Paulo, foi palco de um jogo da equipe da casa contra o Corinthians. Na torcida, ninguém menos do que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ilustre torcedor do Timão e novamente morador daquele município. Muito mais que a presença de tamanha personalidade, um fato chamou a atenção para quem vive em Guarulhos e, de alguma forma, acompanha o futebol.


A partida, válida pela primeira divisão do Campeonato Paulista, trazia a campo o São Bernardo, equipe que acabou de subir à A1. Trata-se do mesmo clube que, em 2008, empatou com o Flamengo na final da Série A3, disputada no estádio Antonio Soares de Oliveira. Com o resultado, a equipe guarulhense sagrou-se campeã e os dois ascenderam à segundona, divisão que os dois disputaram nos anos de 2009 e 2010.


Porém, a história dos dois clubes tomaram rumos bastante distintos principalmente no ano passado. Enquanto a equipe do ABC fez um bom campeonato, terminando entre os quatro primeiros e, assim, conquistou um lugar na “elite” do futebol paulista, o Flamengo protagonizou um dos maiores vexames da história, quando terminou na penúltima posição, entre os 20, caindo novamente para a A3.


A campanha do Flamengo foi tão ruim – 10 pontos em 19 jogos com apenas duas vitórias – que o time praticamente fechou as portas, não disputando nenhuma outra competição oficial durante todo o segundo semestre. Diante do fiasco e necessidade de Guarulhos contar com um time à altura de sua importância, a diretoria – nas mãos de uma família há décadas – finalmente abriu mão do poder, deixando o clube para que novos ares tentem mudar essa lamentável sina. Afinal, Guarulhos nunca teve um representante na primeira divisão.


Para viabilizar um time competitivo – só saberemos se isso realmente ocorreu a partir deste domingo -, a nova diretoria, que tem como presidente o empresário Nasser El Fakih, homem de confiança e bastante próximo do prefeito Sebastião Almeida (PT), resolveu – de certa forma – terceirizar o Flamengo. O time que entra em campo (ainda fechado para a torcida, devido à falta de liberação pela Federação Paulista de Futebol) é uma filial do Corinthians. A equipe paulistana está dando todo o suporte necessário, inclusive com o técnico – o astro corinthiano Rincón -, para que Guarulhos tenha um time competitivo.


Lógico que isso não é de graça. O Corinthians deixará no Flamengo jogadores de sua equipe de base que não são aproveitados no time principal. Guarulhos servirá quase que um laboratório e até vitrine para jogadores se mostrarem e, um dia, virem a ser aproveitados por lá. Espera-se que, apesar dos ônus e bônus que essa fórmula tem, os resultados sejam positivos. Guarulhenses fanáticos ou não por futebol deverão torcer pelo sucesso de nosso Flamengo, independente de quem esteja por trás.


Diferente do que ocorreu com o São Bernardo, que não precisou desse tipo de artifício para subir, o Flamengo não vislumbraria, em um curto espaço de tempo, uma sorte melhor. A imagem do clube se desgastou demais e precisará de muitas vitórias para ser resgatada.


Ernesto Zanon é jornalista e diretor de Redação do Guarulhos Hoje


No Twitter – @zanonjr


 

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