Quando o prefeito Guti (PSD) anunciou, no dia 21 de abril, que iria iniciar a reabertura faseada do comércio a partir de 6 de maio, próxima quarta-feira, deixou claro que a medida dependeria do aumento da adesão da população ao isolamento social e à queda dos números de infecção do Covid-19 em Guarulhos. No entanto, às vésperas da data tão esperada pelo setor produtivo, as chances de flexibilização na cidade neste momento são mínimas.
As taxas de isolamento social em Guarulhos, desde o início da quarentena, em 20 de março, nunca foram tão baixos. Para piorar, os números de mortos e casos confirmados de coronavírus só sobem. Neste sábado, segundo o Boletim divulgado pela Prefeitura, já são 81 óbitos confirmados entre os 620 casos já atestados. Em 21 de abril, eram 37 mortos e 221 confirmados. Ou seja, o número de óbitos mais que dobrou em apenas 12 dias, enquanto os casos triplicaram.
A taxa de isolamento social em Guarulhos, na quinta-feira, 30 de abril, foi de 49%, o índice mais baixo registrado em um dia de semana. No feriado de 1 de maio, chegou a 59%. No último feriado, exatamento no 21 de abril que Guti falou sobre flexibilização, era de 61%.
Segundo o GuarulhosWeb apurou, a ideia da Prefeitura seria lançar neste dia 6 a fase 2 da flexibilização, com a reabertura controlada de estabelecimentos de prestação de serviços, como barbeiros, cabeleireiros, salões de beleza e estética, além de escritórios de profissionais liberais. Mas sempre com isolamento e medidas rígidas de assepsia. Havia a expectativa inclusive de deixar Guarulhos com ações já tomadas em outros municípios, como São Paulo, onde os templos religiosos podem abrir, desde que tenham um controle no número de pessoas.
Nesta semana, o governador João Dória exigiu que nenhum município da Região Metropolitana adotasse medidas solitárias ou mais flexíveis que as outras, já que os números de proliferação do Covid-19 estão crescentes e há a possibilidade real de saturação dos leitos de atendimento hospitalar. Em reunião com prefeitos em que Guti participou, o secretário de Desenvolvimento Regional, Marco Vinholi, deixou claro que as medidas adotas por todos os municípios precisam ser coordenadas.
Dória ficou de anunciar no próximo dia 8 medidas de flexibilização que entrariam em vigor no dia 10. No entanto, a região metropolitana pode ficar de fora neste momento, já que segue como o epicentro da doença no Brasil. O prefeito Bruno Covas, na última semana, anunciou que a Capital não irá flexibilizar as regras. Ao contrário disso, anunciou ações para enrijecer o isolamento. Diversas avenidas terão bloqueios a partir desta segunda-feira, como forma de inibir a saída da população às ruas.
Na quinta-feira, o Ministério Público Estadual enviou à Prefeitura de Guarulhos a solicitação de relatórios técnicos que possam justificar qualquer tipo de flexibilização, já que se trata de um grave problema de saúde pública. O Governo do Estado, inclusive, acionou o MP para reverter decisões de prefeituras do interior que se anteciparam na flexibilização em desacordo com as orientações do Estado.