A saída de dólares no País superou os ingressos em US$ 1,162 bilhão em fevereiro até dia 19. Este saldo negativo, segundo o chefe do Departamento Econômico do Banco Central (BC), Tulio Maciel, foi formado pela diferença entre um fluxo comercial positivo de US$ 1,511 bilhão e um fluxo financeiro negativo de 2,673 bilhões.
Maciel relatou ainda que o fluxo comercial do período foi composto por exportações de US$ 7,250 bilhões, sendo US$ 1,150 bilhão em adiantamento de contrata de câmbio (ACC), US$ 2,477 bilhões de pagamento antecipado de exportações (PA) e US$ 3,623 bilhões classificados entre demais operações. As importações somaram US$ 5,739 bilhões.
A conta financeira foi formada por compras de US$ 18,846 bilhões e vendas de US$ 21,519 bilhões. Maciel informou ainda que a posição de câmbio dos bancos, até 19 de fevereiro, seguia vendida em US$ 19,615 bilhões, número maior que a posição observada no fechamento de janeiro, quando estava em US$ 18,783 bilhões.
Remessa de lucros
O chefe do Departamento Econômico do Banco Central disse que, a despeito do crescimento do estoque de Investimento Direto no País (IDP), há dois componentes que concorrem para a redução de lucros e dividendos: uma é atividade econômica e a outra é o câmbio, que torna o custo de remessas para o exterior mais alto.
Ele enfatizou que o juro é destaque na conta de rendas em janeiro, com pagamento de bônus. O técnico ressaltou que esse movimento é sazonal e que há pagamento tanto em títulos do mercado interno, quanto do externo. Mesmo assim, lembrou, o resultado do primeiro mês de 2016 ficou inferior (US$ 4,026 bilhões) ao de janeiro de 2015 (US$ 4,784 bilhões).
Maciel informou que, em fevereiro até o dia 19, o pagamento de juros soma US$ 555 milhões e a remessa de lucros e dividendos totaliza US$ 46 milhões.
Taxa de rolagem
Tulio Maciel afirmou que a taxa de rolagem em janeiro ficou relativamente baixa em termos históricos. Ele informou que houve uma melhora no início deste mês, mas que, mesmo assim, o patamar segue em níveis reduzidos. Até o dia 19, de acordo com o técnico, a taxa de rolagem está em 67%, com os papéis em 10% e os empréstimos diretos de 90%.
Maciel detectou também dois movimentos importantes: um encurtamento dos vencimentos e também uma concentração maior em bancos. As instituições financeiras, de acordo com a nota do BC, possuem US$ 145,061 bilhões da dívida, com US$ 50 bilhões com prazo mais curto e US$ 94,7 bilhões mais longos. Ele destacou que, enquanto a dívida total de curto prazo subiu de US$ 52,7 bilhões em dezembro para US$ 54,9 bilhões em janeiro, a de longo prazo recuou de US$ 281,6 bilhões para US$ 277,2 bilhões.
No caso do setor não financeiro, a composição está melhor do que a dos bancos, de acordo com o chefe do departamento econômico do BC. O total da dívida desse segmento em janeiro era de US$ 118,9 bilhões, com US$ 4,5 bilhões de curto prazo e US$ 114,3 bilhões de longo prazo.