O Instituto de Finanças Internacionais (IIF, na sigla em inglês) estima que o fluxo de capital nos mercados emergentes ficou positivo em US$ 4,1 bilhões em maio. O resultado, porém, é inferior aos US$ 18,6 bilhões de abril. De qualquer modo, o IIF diz em relatório que houve nas últimas semanas uma "mudança de sentimento" em relação a esses países, que a entidade considera positiva.
O fluxo em ações ficou positivo em US$ 700 milhões em maio e o fluxo em dívida foi positivo em US$ 3,5 bilhões, diz o IIF, que reúne as 450 maiores instituições financeiras do mundo. Ele afirma que os mercados emergentes estão engajados na reabertura de suas economias, em meio à pandemia de coronavírus, mas também aponta que em alguns países a taxa de infecções "dá poucos sinais de recuar".
O IIF aponta que durante o mês de março houve um choque nos mercados emergentes, por causa da pandemia. Durante abril e maio, o cenário deixou alguns emergentes com um quadro ainda de "depressão", enquanto outros "se estabilizaram".
Além da pandemia, o IIF aponta que a tensão entre Washington e Pequim pode pesar sobre o sentimento, com a eleição presidencial de novembro nos Estados Unidos também no radar. "O foco também estará em se o PBoC deixará o yuan desvalorizar mais", diz o IIF, referindo-se ao Banco do Povo da China (PBoC, na sigla em inglês).
Os fluxos de dívida continuaram sua recuperação nos emergentes, embora em ritmo mais fraco, enquanto entre as ações a tendência é "negativa", para o IIF. Excetuando-se a China, houve fluxo negativo em ações de US$ 4,1 bilhões nos emergentes, enquanto nas ações chinesas houve fluxo positivo de US$ 4,8 bilhões, o que "mostra o desempenho divergente entre a China e o restante do complexo dos emergentes".
Regionalmente, o resultado positivo no fluxo em dívida foi distribuído entre os emergentes da Ásia e da Europa, ambos com fluxo positivo de US$ 1,4 bilhão, seguida por América Latina (US$ 1,3 bilhão de fluxo positivo). O IIF diz também que o sentimento negativo em relação aos emergentes chegou a "níveis extremos há algumas semanas", mas se seguiu a um período de estabilização, com mais discussões sobre riscos e oportunidades nesses mercados.
"Nós vemos esta mudança no sentimento como saudável, refletindo valorizações muito reduzidas em muitos locais, o que significa que os resultados econômicos adversos e o crescimento fraco estão em grande medida precificados", acredita o IIF.
<b>Dívida em moeda estrangeira</b>
O IIF afirma que, diante da pandemia de coronavírus, companhias altamente alavancadas nos países emergentes podem enfrentar dificuldade com o serviço de suas dívidas, em um quadro de dívidas sobre as perspectivas para receita e lucro.
Em relatório, o IIF nota ainda que a emissão global de bônus corporativos atingiu US$ 4,8 trilhões até agora neste ano, mais do que o dobro da média histórica, e também destaca que a dívida em moeda estrangeira das empresas nos emergentes mais que dobrou desde 2009, atingindo US$ 7 trilhões, o que segundo ele representa menos de um quinto da dívida total corporativa dessas nações.
O IIF comenta também que mais de US$ 365 bilhões de bônus corporativos e empréstimos denominados em moeda estrangeira nos mercados emergentes vencem até o fim de 2020. Segundo ele, o relaxamento gradual das restrições de quarentenas devem dar "algum espaço para respirar" aos países, mas a perspectiva para a pandemia e a atividade econômica "continua incerta".
Na avaliação do instituto, desde o fim de março houve cortes nas estimativas de lucros concentradas nos Estados Unidos e na zona do euro. "Embora as revisões para baixo tenham sido menos pronunciadas na China e mais amplas na Ásia emergente, a incerteza sobre a perspectiva econômica tem sido um freio importante nas estimativas de lucro em muitos mercados emergentes, particularmente na América Latina", alerta o IIF.