O Fundo Monetário Internacional (FMI) concluiu três revisões trimestrais que estavam atrasadas do programa de resgate do Chipre e liberou 278,4 milhões de euros ao país em parcelas retidas. Com isso, o total desembolsado pelo organismo multilateral para o pequeno país insular subiu para 742,2 milhões de euros. O cronograma de revisões foi refeito e agora a oitava análise trimestral está prevista para o mês de setembro. Após essa revisão, restarão apenas mais duas.
O programa de resgate do Chipre, aprovado em maio de 2013 e que tem duração de três anos, inclui uma parcela de 1 bilhão de euros do FMI. Já o Mecanismo de Estabilidade Europeu (ESM, na sigla em inglês), que é mantido pela União Europeia, contribui com mais 9 bilhões de euros.
“O programa de reformas do Chipre continua a produzir resultados positivos. Os dados fiscais e econômicos têm sido melhores do que o esperado, com o crescimento voltando a ficar positivo no primeiro trimestre de 2015 e as finanças públicas superando as metas. A liquidez e a solvência do sistema bancário melhoraram, permitindo a eliminação de restrições para pagamentos externos. Daqui para frente, será importante manter o ímpeto das reformas e uma forte fiscalização do programa”, afirmou em nota o primeiro-vice-diretor-gerente e presidente em exercício do FMI, David Lipton.
Mesmo assim, Lipton ressaltou que resolver o alto nível de inadimplência continua sendo uma prioridade urgente para preservar a estabilidade financeira e impulsionar o crescimento e a geração de empregos. Nesse sentido, o FMI diz que a adoção da nova legislação sobre insolvência e execução de hipotecas é um passo essencial. “Para maximizar a eficácia da legislação será importante fazer os ajustes necessários para corrigir deficiências já identificadas que possam prejudicar sua implementação”.
O Fundo diz que o forte desempenho das contas públicas cipriotas é impressionante, mas que o nível ainda elevado da dívida pública somado a um volume considerável de eventuais passivos torna necessário ter prudência e adotar esforços para utilizar bem o saldo fiscal oriundo dos desdobramentos macroeconômicos melhores do que o esperado. “As autoridades deveriam continuar com o avanço em reformas estruturais para fortalecer as finanças públicas e estabelecer as bases para um crescimento sustentável”, diz o FMI, apontando ainda que são necessários avanços no programa de privatizações e novos esforços para melhorar o ambiente de negócios.
Apesar de ser uma economia muito pequena dentro do contexto da zona do euro, a situação do Chipre pode servir de exemplo em um momento em que a troika de credores internacionais tenta impor medidas de austeridade ao governo de esquerda que assumiu o poder na Grécia. A liberação dos empréstimos ao governo cipriota também poderia ser vista como uma forma de preparar o país para uma possível escalada na crise da dívida grega. Os sistemas bancários dos dois países são altamente interligados e os bancos gregos têm visto uma corrida bancária nas últimas semanas, à medida que a possibilidade de calote do país e possível saída da zona do euro se torna cada vez maior.