Estadão

FMI diz que US$ 50 bi são necessário para erradicar insegurança alimentar

O Fundo Monetário Internacional (FMI) estima que US$ 50 bilhões são necessários para erradicar a insegurança alimentar no mundo durante os próximos 12 meses, assegurando as necessidades alimentares de 345 milhões de pessoas globalmente. Em um estudo sobre o tema, o Fundo destaca os problemas causados pela alta dos preços dos alimentos, que vinham em níveis elevados, e tiveram uma especial disparada com a guerra da Ucrânia.

O FMI destaca 48 países entre os mais afetados pela crise. O Brasil não consta entre eles, mas é lembrado como sétimo maior importador de Rússia e Ucrânia de fertilizantes, o que afeta cerca de 0,2% do PIB do país, de acordo com a pesquisa. Para compensar os habitantes mais vulneráveis das 48 nações, o FMI estima um custo entre US$ 5,1 bilhões e US$ 7,2 bilhões em 2022.

Além disso, "é importante notar que os custos adicionais são arcados em um momento em que as receitas domésticas provavelmente estão sob pressão devido ao menor crescimento do PIB, que pesa especialmente sobre a receita tributária", lembra o FMI. Em países com espaço fiscal já limitado, "isso exige uma nova prioridade cuidadosa dos gastos públicos", afirma o organismo. Para muitos países, as pressões adicionais sobre os déficits em conta corrente e as reservas internacionais ocorrem em um momento em que suas posições externas já foram enfraquecidas pela pandemia, afirma.

O FMI sugere que mais da metade dos 48 países identificados como altamente expostos à crise alimentar também têm amortecedores externos ou fiscais relativamente fracos, o que limita sua capacidade de resposta ao choque. As reservas para 15 países cobrem menos de três meses de importações e as reservas para outros oito países não excedem quatro meses, aponta. Neste contexto, "é importante notar que a mobilização adicional de receitas internas para ajudar a cobrir os gastos necessários para mitigar a crise alimentar é muitas vezes difícil no curto prazo", avalia.

Uma pesquisa recente do FMI com 174 países mostra que muitos tomaram medidas para mitigar o impacto social dos preços mais altos de alimentos e energia. O estudo sugere uma clara correlação entre o uso de transferências monetárias e o nível de desenvolvimento de um país: elas são normalmente usadas por economias mais avançadas.

Para o FMI, idealmente, "os subsídios generalizados ao consumo alimentar devem ser eliminados ao longo do tempo" e devem ser substituídos por apoio de renda direcionado aos pobres. "Uma redução gradual poderia ser acompanhada de um compromisso de sua total eliminação no médio prazo. Durante a transição, o direcionamento dos subsídios poderia ser melhorado para reduzir as fugas para grupos de renda mais alta", avalia.

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