Estadão

FMI diz ver economia global pronta para pouso suave e inflação em queda em 2024

O Fundo Monetário Internacional (FMI) espera que a economia global continue apresentando resiliência em 2024, o que deve permitir um pouso suave. Apesar disso, a taxa de crescimento tende continuar abaixo das médias históricas, o que exige esforços de políticas e reformas para impulsioná-la, na visão do organismo. O FMI divulga novas projeções econômicas no fim de janeiro.

"2023 provou ser um ano bastante resiliente para a economia global, mais resiliente do que esperávamos no início do ano passado. Portanto, até agora, tivemos uma economia global relativamente resiliente e esperamos que essa resiliência continue em 2024", disse a diretora de Comunicações do FMI, Julie Kozack, em coletiva de imprensa, nesta quinta-feira, 11.

Ela mencionou que a inflação continua em queda e os mercados de trabalho seguem resilientes. No entanto, as notícias não são "tão boas" à medida que o crescimento da economia global no ano passado deve ter sido ao redor dos 3%, inferior às taxas médias de crescimento globais anteriores, que eram de cerca de 3,8%.

"Portanto, temos trabalho a fazer para impulsionar o crescimento global, especialmente a médio prazo", disse Kozack, citando a necessidade da adoção de "políticas sólidas" e reformas que possam aumentar a produtividade em um ambiente que tem sido muito propenso a choques. "Tivemos choque após choque após choque e um ambiente de grandes incertezas", avaliou.

Apesar disso, a visão geral do FMI sobre as perspectivas é que o mundo está "preparado para um pouso suave". "Esperamos que a resiliência continue, mas ainda existem alguns desafios que terão de ser enfrentados e daremos mais detalhes no fim de janeiro", afirmou Kozack, referindo-se às novas projeções econômicas do Fundo, com a publicação do relatório Perspectiva Econômica Mundial (WEO, na sigla em inglês), no fim do mês.

De acordo com ela, o desempenho dos países tende a ser desigual, com as economias de baixa renda podendo ficar ainda mais para trás. "Os EUA são a única economia que alcançou a sua trajetória de crescimento pós-pandemia e a ultrapassou ligeiramente", concluiu.

<b>Acordo com a Argentina</b>

A diretora de Comunicações do Fundo Monetário Internacional afirmou ainda que o novo acordo com a Argentina, que ainda depende de aprovação, deve colocar o programa de ajuda ao país de volta ao caminho certo. Questões políticas no país no ano passado acabaram impactando os principais objetivos da iniciativa, conforme ela.

O corpo técnico do Fundo e as autoridades argentinas chegaram a um novo acordo que, caso aprovado pelo Conselho Executivo do Fundo, daria acesso a cerca de US$ 4,7 bilhões ao país, conforme anúncio feito na quarta-feira, dia 10. Nele, foram obtidos entendimentos sobre um conjunto reforçado de políticas que visam restaurar a estabilidade macroeconômica no país, conforme Kozack.

"E colocar o programa atual de volta no caminho certo, uma vez que os principais objetivos do programa foram impactados devido a graves reveses políticos nos últimos trimestres de 2023", explicou a diretora de Comunicações do FMI, em coletiva de imprensa.

Kozack disse ainda que a nova administração da Argentina, sob o comando de Javier Milei, já está implementando um "ambicioso plano de estabilização". "É também muito importante notar que o pacote acordado inclui um aumento da assistência social para proteger os mais vulneráveis na economia argentina", acrescentou.

Questionada sobre leis que estão sendo consideradas, a diretora de Comunicações do FMI afirmou que pacote legislativo muito amplo que está sendo considerado. Ela disse que o Fundo espera que as autoridades continuem a construir apoio político para avançar aspectos chave do projeto de lei no que diz respeito às projeções sobre o crescimento e a inflação da Argentina.

No âmbito da política monetária, reconheceu que a gestão atual evolui para apoiar a demanda por moeda e também a desinflação. "A Argentina está a avançar para um regime cambial mais baseado no mercado, abandonando os controles administrativos de importação", acrescentou Kozack.

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