A principal prioridade atual para os formuladores de políticas econômicas deve ser o controle da inflação, que é persistente e prejudica todo o mundo, de acordo com a diretora-gerente do Fundo Monetário internacional (FMI), Kristalina Georgieva.
Em discurso na Universidade de Georgetown, nos EUA, ela afirmou que o aperto monetário necessário não vai estabilizar os preços "sem dor no curto prazo", mas servirá para "evitar uma dor muito maior e mais duradoura para todo o mundo" no futuro.
Georgieva alertou que um aperto monetário brando demais pode desancorar as expectativas inflacionárias das metas de bancos centrais ao redor do mundo, tornando a alta nos preços "arraigada". Ao mesmo tempo, um aperto mais forte que o necessário colocaria diversas economias em recessão "profunda e duradoura", ressaltou.
Depois da inflação, as autoridades precisam buscar quadros fiscais mais estáveis, com políticas "responsáveis", segundo Georgieva. Governos devem evitar medidas de apoio fiscal amplo e torná-las temporárias e focadas, disse.
Por fim, a diretora-gerente defendeu um "apoio conjunto a países emergentes e em desenvolvimento". Para ela, grandes credores como a China "têm um papel a cumprir" neste cenário de forte desaceleração em economias mais frágeis.
<b>Reformas transformacionais</b>
Para Kristalina Georgieva, o mundo precisa de "reformas transformacionais" que reaproxime os países para estabilizar a economia global de forma sustentável, após os desafios mais imediatos serem solucionados.
No discurso na Universidade de Georgetown, ela disse que o cenário atual é de forte incerteza, maior volatilidade econômica, confrontos geopolíticos e desastres naturais mais frequentes. Este quadro pode levar "qualquer país" a sair do curso previsto mais facilmente e frequentemente, disse.
Para superar em longo prazo este quadro, será preciso "revitalizar a cooperação global e transformar a economia para construir resiliência contra os choques do futuro", defendeu Georgieva.
Um dos pontos de maior preocupação é o clima, de acordo com a diretora-gerente. Segundo ela, será necessário "cooperação muito mais forte" para lidar com as mudanças climáticas da forma que elas exigem. "Podemos sobreviver à inflação e à recessão, mas não podemos sobreviver a uma inabalável crise climática", resumiu, antes de pedir por "ações decisivas" na COP27 no mês que vem.