O Fundo Monetário Internacional (FMI) publicou um capítulo de seu Relatório sobre Estabilidade Financeira Global, no qual defende que autoridades "considerem uma abordagem de supervisão e regulação mais intrusiva para os fundos de crédito privado", bem como seus investidores institucionais e provedores alavancados. O FMI defende que as autoridades busquem também suprir lacunas nos dados, a fim de avaliar de modo mais abrangente esses riscos, inclusive alavancagem, interconexões e o aumento da concentração de investidores.
É crucial monitorar e lidar com riscos à liquidez em fundos, em especial no varejo, que possam apresentar ameaças maiores. Também importante é fortalecer a cooperação regulatória entre setores e países, além de realizar avaliações de risco consistentes entre os atores financeiros, defende a instituição.
O capítulo avalia riscos potenciais e vulnerabilidades na estabilidade financeira no crédito privado corporativo, uma classe de ativos que tem crescido rápido, com foco tradicionalmente em prover empréstimos para empresas médias fora do escopo tanto dos bancos comerciais quanto dos mercados de dívida pública e que agora rivaliza com outros grandes mercados de crédito em tamanho.
O FMI diz que o crédito privado cria "benefícios econômicos significativos" ao prover financiamento de longo prazo a empresas muito grandes ou com muito risco para bancos, mas pequenas para os mercados públicos. O crédito, contudo, migra de bancos regulados e relativamente transparentes para o universo do crédito privado, mais opaco e com riscos potenciais, adverte.
As empresas que empresam para crédito privado tendem a ser menores e mais arriscadas que suas contrapartes em mercados públicos, e o setor nunca passou por uma forte pressão econômica como a atual, em tamanho e escopo, avalia o Fundo. Um cenário adverso do tipo poderia retardar a realização de perdas, seguido por um salto em defaults e grandes revisões para baixo em avaliações de mercado.
O FMI destaca vulnerabilidades de emprestadores "relativamente frágeis", uma maior exposição a pensões e seguradoras para a classe de ativos, uma crescente parcela de veículos de investimento com liquidez apenas parcial, além de múltiplas camadas de alavancagem e interconexões que não estão claras entre os participantes.
Avaliar os riscos à estabilidade financeira em geral desta classe de ativos é algo "desafiador", pois os dados necessários para isso não estão de todo disponíveis. Apesar disso, o FMI considera que este momento esses riscos "parecem contidos", mas também adverte para a possibilidade de perdas futuras.