Cerca de 50 integrantes da Frente Nacional de Luta Campo e Cidade (FNL) invadiram, nesta sexta-feira (24), uma fazenda da advogada Maria Zuely Alves Librandi, suspeita de participar de um esquema de corrupção na prefeitura de Ribeirão Preto, interior de São Paulo. Um dos alvos da Operação Sevandija, que apura os desvios, a advogada está presa. O líder da FNL, José Rainha Junior, disse que o objetivo da ocupação é denunciar a corrupção e exigir que o dinheiro recuperado com eventual leilão da propriedade seja destinado à reforma agrária.
A Fazenda São Luiz do Inhacundá, em Cajuru, norte do Estado, está avaliada em R$ 1,7 bilhão e foi bloqueada pela Justiça por suspeita de ter sido adquirida com o dinheiro desviado da prefeitura de Ribeirão Preto. A proprietária é ex-advogada do Sindicato dos Servidores Municipais e foi presa durante a operação, acusada de participar do esquema de desvios que envolvia também a ex-prefeita de Ribeirão, Dárcy Vera (PSD) e outros agentes públicos. Vera se diz inocente. O rombo, segundo o Ministério Público, pode chegar a R$ 45 milhões. “O ato é um protesto contra a corrupção e em defesa da reforma agrária”, disse Rainha.
O advogado Leandro Librandi, filho de Maria Zuely, registrou boletim de ocorrência na Polícia Civil e informou que vai entrar com pedido de reintegração de posse. Os sem-terra montaram barracos no interior da propriedade e fixaram cartazes com os dizeres: “devolve o que é do povo” e “basta de corrupção”. A ação faz parte do “Carnaval Vermelho”, jornada nacional de ocupações deflagrada pelo grupo de Rainha. No último fim de semana, militantes da FNL invadiram 21 propriedades rurais no interior de São Paulo. A maioria das fazendas já foi desocupada.