Estadão

Focado em Brasília, Ibovespa sobe 1,25%, perto de 119 mil; na semana, +0,69%

No meio da tarde, com novos sinais de avanço da pauta econômica no Congresso em dia atípico para votações, o Ibovespa operou nos maiores níveis desta sexta-feira, em que fechou em alta um pouco mais contida, de 1,25%, aos 118.897,99 pontos, buscando no melhor momento se reaproximar de resistência na região dos 120 mil pontos. Hoje, saiu de mínima na abertura aos 117.426,95 e atingiu no pico da sessão 119.548,71 pontos (+1,81%), com giro financeiro a R$ 24,4 bilhões no encerramento. Na semana, acumulou leve ganho de 0,69%, vindo de perda de 0,75% na anterior, quando havia interrompido série de nove semanas em alta. No ano, o índice sobe 8,35%.

Pela manhã, o relatório oficial sobre o mercado de trabalho nos Estados Unidos – com geração de vagas de trabalho em junho abaixo do que se chegou a temer, após a forte leitura do dia anterior no levantamento da ADP – e, na madrugada desta sexta-feira, a passagem da reforma tributária em dois turnos pela Câmara dos Deputados, com a suspensão do interstício de votação, foram os fatores que deram amparo, desde cedo, ao apetite por risco na B3 nesta última sessão da semana.

Em Nova York, os três principais índices acionários oscilaram entre perdas e ganhos moderados ao longo desta sexta-feira, em que fecharam em baixa, cedendo terreno na semana: hoje, Dow Jones -0,55%, S&P 500 -0,29% e Nasdaq -0,13%.

"O resultado do payroll foi muito importante para estabilizar o mercado hoje, após toda a volatilidade que se viu ontem com os dados da ADP, muito acima do consenso", diz o analista Lucas Serra, da Toro Investimentos. Ele destaca também os movimentos no câmbio e na curva de juros, que recuaram bem depois da divulgação dos números desta sexta-feira sobre o mercado de trabalho americano – embora este continue em situação sólida, que ainda endereça aumento de 25 pontos-base para a taxa de juros na próxima reunião do Federal Reserve, no fim do mês, acrescenta.

Se ontem, na B3, apenas cinco ações do Ibovespa haviam conseguido se dissociar da aversão a risco que prevalecia desde o exterior – com a perspectiva de retomada dos aumentos de juros nos EUA ainda em julho -, hoje seis de 86 componentes da carteira do índice fecharam a sessão em baixa: Embraer (-1,99%), Telefônica Brasil (-0,68%), Hypera (-0,33%) e Arezzo (-0,12%), além de Petrobras ON (-0,54%) e PN (-0,51%).

Na ponta ganhadora nesta sexta-feira, Pão de Açúcar (+10,15%), Petz (+8,51%), IRB (+7,45%), BRF (+7,23%) e 3R Petroleum (+7,04%). Entre os grandes bancos, os ganhos na sessão chegaram a 1,94% (BB ON) no encerramento.

Vale ON subiu 0,94% mesmo com o recuo de quase 2% para os preços do minério de ferro na China, enquanto Petrobras chegou a ensaiar alta à tarde, mas ao fim não conseguiu se alinhar aos ganhos disseminados no Ibovespa e também ao avanço superior a 2% para o Brent e o WTI na sessão, com o enfraquecimento do dólar pós-payroll. Na semana, ambos os barris de petróleo subiram mais de 4%.

No começo da tarde, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, esteve reunido com o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e líderes partidários da Casa para garantir a votação do projeto de lei que retoma o chamado "voto de qualidade" no Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf).

Logo após o encontro no gabinete do deputado alagoano, foi retomada a sessão em plenário, para votar destaques da reforma tributária em segundo turno. E, após intenso diálogo com o governo, a Câmara decidiu também deliberar, no mesmo dia, sobre o projeto do Carf – um item da pauta considerado chave para a equipe econômica. O sinal de que a agenda econômica está ganhando dinamismo maior na tramitação pelo Legislativo animou os investidores, levando o Ibovespa a máximas da sessão no meio da tarde. No fim do dia, o projeto de lei sobre o Carf foi aprovado de forma simbólica, na Câmara, passando então aos destaques.

Apesar da sequência vitoriosa para o governo, há nas entrelinhas alguma cautela quanto ao formato final da proposta de reforma tributária, considerando mudanças incorporadas ao texto. "Há consenso de que a aprovação impactará, com um aumento na produtividade, possibilitando redução no tempo e no dinheiro gasto com obrigações tributárias. No entanto, ainda é cedo para precisar quais serão os efeitos no sistema financeiro", observa, por exemplo, a Associação Nacional das Instituições de Crédito, Financiamento e Investimento (Acrefi), em nota.

"Entendemos que as exceções colocadas no texto, a transição mal calibrada, a governança do imposto (por meio do Conselho Federativo), a preservação dos incentivos do ICMS por meio de subsídios (com o Fundo de Compensação de Incentivos do ICMS), dentre outras dificuldades que ficaram para tratamento por leis complementares, colocam um viés negativo sobre o resultado final", enumera a Warren Rena em nota do economista-chefe, Felipe Salto, ex-secretário de Fazenda do Estado de São Paulo. "O Senado ainda poderá fazer modificações ou mudar o rumo das discussões e da apreciação do texto que sairá da Câmara", acrescenta.

Outro ponto crucial da pauta econômica no Congresso, o arcabouço fiscal, que deve retornar à Câmara após modificações no Senado, deve ser aprovado com "alterações mínimas", disse nesta sexta-feira Arthur Lira em entrevista à GloboNews, na qual antecipou que a votação da matéria deve ficar mesmo para agosto.

Vindo de ganho de 9% em junho, e de um avanço adicional, de 0,69%, nesta primeira semana de julho, o mercado financeiro ficou um pouco mais cauteloso quanto ao desempenho das ações no curtíssimo prazo, aponta o Termômetro Broadcast Bolsa desta sexta-feira. Entre os participantes, a parcela dos que acreditam que a Bolsa fechará a próxima semana acumulando ganhos recuou para 33,33%, de 62,50% na pesquisa passada. Em contrapartida, a fatia dos que esperam variação neutra saltou de 12,50% para 50,00%, enquanto os que preveem perda representam 16,67%, de 25,50% na semana passada.

Posso ajudar?