Estadão

For All Mankind mantém esperança na humanidade, agora a caminho de Marte

For All Mankind foi uma das primeiras apostas do Apple TV+. A série criada por Ronald D. Moore (Outlander), sobre uma linha do tempo alternativa em que os soviéticos são os primeiros a chegar à Lua, é uma produção ambiciosa e uma das quatro a lançar a plataforma. Mas a recepção foi um tanto fria. "Foi frustrante", disse Joel Kinnaman, que interpreta o astronauta Edward Baldwin, em entrevista ao <b>Estadão</b>, por telefone.

Como tem sido o caso de muitas séries em um mercado saturado, For All Mankind foi finalmente descoberta na segunda temporada – merecidamente. "Eu acredito que as pessoas acabam encontrando as séries boas", disse Moore. É nesse espírito otimista que a terceira temporada chega hoje, com cada um de seus dez episódios estreando às sextas.

Se a primeira temporada começava nos anos 1960 e falava da briga de gato e rato entre Estados Unidos e União Soviética depois da chegada dos soviéticos à Lua, a segunda pulava dez anos e mostrava a disputa dos dois países em solo lunar. A terceira salta mais uma década, indo ao início dos 90 e mostrando a batalha para chegar a Marte. Ed, com mais de 60 anos, espera ser o comandante da missão da Nasa, mas disputa a posição com Danielle (Krys Marshall), sua ex-companheira na estação. Aqui, as mulheres conquistaram espaço, inclusive mulheres negras como Danielle, mas os homens brancos e heterossexuais não admitem perder seu status.

<b>PRIMEIRA NEGRA NA LUA</b>

"Seria muito fácil se apoiar na ideia de que estamos em uma linha do tempo alternativa, mais progressista, em que as coisas são fáceis para Danielle. Afinal, ela foi a primeira mulher negra na Lua, a primeira comandante mulher e negra, então o racismo está consertado", disse Marshall. Mas não é isso o que acontece.

Baldwin, como tantos homens, tem dificuldades de entender uma cultura em mutação. "Ele, como nós, vive uma época que as pessoas estão tendo dificuldades de acompanhar, porque tudo está mudando rapidamente", disse Kinnaman. "A masculinidade está sofrendo críticas, e os homens vão ser forçados a evoluir. É fascinante poder explorar isso." Mas a disputa entre os dois não coloca fim à amizade. "Eu gostaria que, na vida real, pessoas com discordâncias profundas também pudessem encontrar maneiras de se entender", disse Marshall.

A corrida para Marte tem, além dos Estados Unidos e da União Soviética, um terceiro elemento: a iniciativa privada. A ex-mulher de Baldwin, Karen (Shantel VanSanten), tornou-se empreendedora e se alia a um empresário para entrar na competição pelo Planeta Vermelho. "Não queríamos criar nossa versão de Jeff Bezos ou Elon Musk", disse Moore. "Mas achamos importante dizer que, se a viagem espacial se torna realidade, o setor privado vai fazer parte."

Os conflitos entre pessoas e países são inerentes ao ser humano, acredita Moore – e rendem bons dramas para a televisão. Mas For All Mankind tem um tom esperançoso. A exploração do espaço pode ter muitos benefícios, especialmente o enobrecimento do espírito humano. "Sempre tivemos um desejo de ir além do horizonte, olhar por sobre a montanha, cruzar o oceano. Isso motiva as pessoas. E perdemos isso, de certa maneira. Inspirar os jovens, dar a eles sonhos, fazer com que eles alcancem as estrelas é bom para todos." Não há nada mais desesperador, afinal, do que não ter expectativas, esperança, fé. For All Mankind mostra que o ser humano é ainda capaz de coisas maravilhosas.

As informações são do jornal <b>O Estado de S. Paulo.</b>

Posso ajudar?