Um show neste sábado, 29, às 21h, no Auditório Ibirapuera, vai marcar o lançamento do Projeto Violab. Idealizada pelo publicitário Alexandre Gama, a marca pretende ser uma “mídia”, como ele diz, para a divulgação e reverberação de instrumentistas brasileiros, com foco inicial no violão. O show vai reunir o mesmo time de violonistas que está no primeiro álbum a ser lançado pelo selo Violab. Eles são Yamandu Costa, Ulisses Rocha (que responde pela direção musical do projeto), Paulo Bellinati, Badi Assad, Marco Pereira, Douglas Lora e Alessandro Penezzi. O disco Violab vai sair em LP, CD e para download digital. O show de hoje vai contar com temas como Bananeira, Lamento Sertanejo, Noites Cariocas, Sempre Que Posso e pingue-pongue.
Gama explica que foram feitas para o álbum de estreia do selo três capas distintas, com fotógrafos diferentes. “Uma de Paulo Vainer mostrando o drone com o violão, outra de Arnaldo Pappalardo com um violão objeto que ele encontrou há muitos anos na rua e que gerou uma imagem poética, belíssima. E a terceira, com uma jovem fotógrafa de apenas 17 anos – Luiza, minha filha – que quis criar algo dela para o projeto. Uma ideia muito poderosa visualmente, e não digo isso porque seja minha filha: um violão emanando chamas.”
Ele conta que usou dinheiro próprio para colocar o projeto em prática. Além do selo, ele já acionou um site (violab.com) e um canal no YouTube com entrevistas com grandes violonistas brasileiros. “Só existe uma maneira de valorizar algo. Tratar esse algo com valor. Para fazer o Violab, investi meu próprio capital, sem patrocínio ou outra fonte de receita. Tratei como uma start up que tem em mim um investidor estratégico (como violonista amador desde os 14 anos, entendo o business).” Mas como seu projeto pode ajudar um cenário do qual transborda talento e, ao mesmo tempo, sofre com a falta de políticas de incentivos culturais de peso? Ele primeiro contesta as visões pragmáticas. “Como mercado, a música precisa de uma visão pragmática, mas esse pragmatismo tem de ser quente e bom de ouvido. O pragmatismo frio, que não sabe ouvir, não serve para a música. Da mesma forma que o dinheiro não aceita o desaforo, a música não aceita o insensível.”
Novo mercado
Alexandre Gama diz não acreditar também no formato mecenato, que não gera competência profissional para gerar autossuficiência. Ele então diz que a saída está na fundação de um novo modelo de negócios. “Acho que a melhor maneira de ajudar a vida dos músicos brasileiros, como você diz, é criar um novo mercado. Para criar mercado você precisa criar demanda, interesse, desejo. E para isso é preciso gerar produtos culturais novos, novas formas de acesso à música, conteúdo relevante. E essa tem sido exatamente a minha praia como empresário e profissional da indústria criativa trabalhando para empresas de praticamente todos os segmentos da economia durante a minha carreira: gerar valor através da criatividade.”
O violão como ponto de partida é, assim, simbólico. Não há outro instrumento brasileiro que atravesse os pontos da linha do tempo da história como ele. Apesar da gênese do piano de Chiquinha Gonzaga na criação do choro, e de músicos brilhantes compondo sobretudo nas teclas da bossa nova, como os pianistas Tom Jobim, Johnny Alf e Luizinho Eça, é o violão que vai estar nas mãos que farão as revoluções de linguagem.
Cada nome que apareceu fez uma escola deslocando tempos fortes ou recriando pensamentos harmônicos. João Gilberto, Gilberto Gil, Djavan, João Bosco, Filó Machado, Jorge Ben, Lenine, Milton Nascimento (compondo entre o piano e o vilão). A história da música brasileira poderia ser contada pelas seis cordas.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.