A Ford afirmou que a greve iniciada na segunda-feira, 3, em uma de suas fábricas no Brasil, em Taubaté, no interior de São Paulo, trava um investimento de R$ 1,2 bilhão na produção. “A confirmação desse investimento depende fundamentalmente de termos previamente negociados e acordados com o sindicato dos metalúrgicos”, diz a empresa em nota.
O impasse entre a montadora e os trabalhadores diz respeito à jornada semanal. Em 2012, quando a produção batia recorde, ambas as partes concordaram, com o objetivo de ampliar a capacidade da fábrica, em operar com uma jornada de segunda-feira a sábado, com direito a uma folga em um dia útil, com seis turmas em três turnos. Tal medida, segundo a empresa, aumentou a produtividade e resultou na contratação de mais 500 funcionários.
No entanto, com a crise, a produção caiu e o acordo passou a ser desnecessário. Agora que os volumes estão voltando a subir, a Ford quer retomar o que foi combinado em 2012. “A não implementação dessa jornada ameaça seriamente a competitividade da planta”, diz a empresa, que promete apelar à Justiça para voltar a produzir.
Os trabalhadores, por sua vez, preferem manter a jornada tradicional de segunda-feira a sexta-feira, com folgas no fim de semana. De acordo com a assessoria de imprensa do sindicato, eles se recusam a voltar ao que foi combinado em 2012 porque, pela experiência que tiveram, não consideram favorável, principalmente pela perda do fim de semana completo. A greve não tem previsão para acabar.
A fábrica da Ford em Taubaté, que conta com cerca de 1.500 trabalhadores, é destinada à produção de motores, transmissores e componentes automotivos. O impasse com o sindicato de Taubaté ocorre em um momento em que a produção de veículos no Brasil volta a crescer. No acumulado de janeiro a maio, o número de unidades fabricadas pelas montadoras instaladas no Brasil cresceu 23,4%, para 1,037 milhão de unidades.