A adesão de grande parte dos acadêmicos brasileiros à corrente estruturalista, na fase mais dura do ciclo de governos militares, iniciada a partir de 1964, provocou nos primeiros anos da década de 70, do século XX, o surgimento de uma enxurrada de análises da estrutura da narrativa. Estas análises destacaram a importância da forma como determinado conteúdo é apresentado aos leitores, no campo da Literatura. Há uma longa bibliografia produzida pela corrente estruturalista, que, no entanto, a partir de certo ponto, caiu num descritivismo estéril, mas à qual não se pode negar o mérito de ter tentado dar maior rigor às análises literárias ao forçar a atenção dos estudiosos na relação dos elementos contidos em cada texto, deixando de lado (e ridicularizando) as evocações subjetivas provocadas por ele.
O gosto por se contar e ouvir histórias, porém, se manteve sempre como um poderoso estímulo para o emprego da narratividade na organização formal do discurso verbal na comunicação humana, através da qual qualquer vivência com sua carga de conflitos e tensões pode ser captada e transmitida. Afinal, narrativas, com suas infinitas possibilidades de estruturação, existem certamente desde quando um ser vivo pôde adquirir características de homem através da criação de relações sociais.
Nas sociedades antigas, a função de narrador era exercido por aqueles indivíduos que tinham alguma experiência diferente da do seu grupo social, isto é, os velhos e os viajantes. Ao longo dos séculos, em todas as culturas, as literaturas oral e escrita sempre valorizaram a narrativa, através de lendas, dos mitos, e, depois, de novelas, contos, romances. Posteriormente, a comunicação de massa a incorporaria definitivamente, através do cinema, das histórias em quadrinhos, das radionovelas e das telenovelas.
No último século, com a utilização da estrutura narrativa, foram escritos textos, dentro do Jornalismo, considerados clássicos hoje, como os do repórter norte-americano John Reed sobre as revoluções mexicana e russa.