Guilherme Boulos (PSOL) aposta na imagem da vice, Luiza Erundina, para vender experiência na área da educação. A rede de ensino municipal de São Paulo tem uma história importante e reconhecida por especialistas de vários campos ideológicos, muito pela gestão da ex-prefeita.
Seu secretário foi o educador Paulo Freire, seguido de Mario Sergio Cortella, que criaram a carreira docente, estimularam a produção de material didático e metodologias com troca de experiências entre professores e escolas, algo valorizado até hoje em sistemas educacionais de excelência. Eles introduziram também uma gestão democrática na educação, valorizando conselhos de escolas e grêmios estudantis, o que Boulos promete retomar.
"Foi um momento de muita produção de conhecimento. Nos últimos anos houve uma precarização e a rede tem sofrido com isso", diz a educadora Anna Helena Altenfelder, do Cenpec. "Sabemos que a formação inicial dos professores não é boa e isso precisa ser enfrentado."
Anna, no entanto, acha importante a intenção de Bruno Covas (PSDB) de intensificar o apoio à alfabetização, prometendo colocar um segundo professor nas salas de 3º ano. Também elogia o investimento em computadores, com câmeras, internet rápida, projetor e tela, em todas as salas de aula. Ao custo de R$ 90 milhões, o secretário Bruno Caetano diz que os equipamentos serão entregues até o fim de dezembro, com indicações para os docentes de como proceder nas aulas de acordo com o currículo. "Todo professor terá um suporte para sua aula, já preparado e validado pela área pedagógica, como fazem cidades como Sobral, mas com mais tecnologia", diz Caetano.
"Erundina deixou uma marca importante na educação. Mas não significa que aquilo que deu certo há 20 anos tem que ser feito agora. Hoje sabemos muito mais o que funciona, temos muita pesquisa", diz Priscila Cruz, do Todos pela Educação. Ela menciona Teresina, cidades do Ceará e algumas no sul da Bahia que melhoram seu desempenho com avaliações dos alunos, reforço contínuo, construção de material didático com os professores, formação constante dos docentes. "As soluções já estão em território nacional, a nova gestão terá de fazer uma alocação de escassos recursos e tomar medidas com foco na aprendizagem. É o que eu gostaria de ver nos programas e não soluções para animar as torcidas." As informações são do jornal <b>O Estado de S. Paulo.</b>