Problemas no fornecimento de energia em dois eventos-teste realizados no Parque Olímpico (ginástica artística e natação) foram a primeira consequência do atraso para a definição de quem pagaria pela energia temporária durante a Olimpíada. O orçamento para o fornecimento de energia para a Olimpíada sofreu corte de R$ 66 milhões.
Na semana passada, o Pré-Olímpico de Ginástica Artística, disputado na Arena Rio, teve pelo menos duas quedas de energia – o que gerou protestos da Federação Internacional de Ginástica -, enquanto o Troféu Maria Lenk, que aconteceu no Estádio Aquático Olímpico, teve a prova mais esperada, quando fracassou Cesar Cielo, adiada em 45 minutos por falta de luz. O problema já havia acontecido na inauguração do estádio, no início do mês.
Somente no final de fevereiro, a pouco mais de seis meses do início da Olimpíada, foi decidido quem pagaria a conta. Em Londres-2012, a garantia foi dada 18 meses antes da abertura. O governo federal havia se comprometido a pagar a energia temporária até o teto de R$ 290 milhões, mas o valor só foi suficiente para garantir o pagamento relativo ao Parque Olímpico. Pelos cálculos iniciais dos organizadores, seriam necessários mais R$ 170 milhões para garantir a energia temporária no Complexo Esportivo de Deodoro, na região do Maracanã, que inclui também o Engenhão, e de Copacabana. Caberia ao Estado arcar com o restante.
A crise financeira do Rio fez com que o governador Luiz Fernando Pezão (PMDB) encaminhasse em dezembro um projeto de lei à Assembleia Legislativa solicitando que os R$ 170 milhões fossem pagos mediante renúncia fiscal. A Light se propôs a instalar o sistema em troca de desconto na cobrança de ICMS.
A Assembleia aprovou a proposta no fim de fevereiro, mas com redução de 50% em relação ao pedido original, o que deixou um rombo de R$ 85 milhões a ser fechado pelos organizadores. O Rio-2016 refez as contas, readequou o projeto e cortou R$ 66 milhões entre o que havia sido proposto originalmente e o que está sendo implantado.
A entidade, porém, não esclareceu o que foi cortado. O custo final ficou em R$ 104 milhões e o próprio comitê se comprometeu a pagar a diferença de R$ 19 milhões.
Diretor de Esportes do Comitê Rio-2016, Rodrigo Garcia reconheceu os problemas, mas afirmou que existe “risco zero” de isso se repetir na Olimpíada. “Energia é um tema que a gente está estudando muito, mas, para os eventos-teste, é uma configuração totalmente diferente. Basta dizer que o maior consumidor de energia não está aqui, que é o broadcast”, afirmou, referindo-se a toda estrutura necessária para a transmissão de TV dos Jogos.
Mesmo dizendo que não teve culpa das quedas de luz nos eventos-teste, e que a responsabilidade é do Comitê Rio-2016, a Light informou que vem desenvolvendo “rigoroso plano de manutenção e operação que cobre os quatro clusters olímpicos”.