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Fóssil de dinossauro é encontrado em obra na cidade de Marília

A longa jornada para preservar um tesouro sepultado há milhões de anos, encontrado a uma profundidade de 10 metros da superfície, alterou completamente a rotina de equipes das obras de duplicação da SP-333 – Rodovia Dona Leonor Mendes de Barros, na divisa entre Marília e Júlio Mesquita, a 400 quilômetros de São Paulo. Um fóssil, a poucos centímetros da lateral de um talude, foi identificado na fase final do corte de material – que ficou interrompido por dois meses até a extração completa do exemplar de um osso de pata, de 1 metro, aparentemente de um Titanossauro, concluída nesta segunda-feira (26).

No momento da identificação, conforme previsto no Programa de Monitoramento e Acompanhamento Paleontológico, técnicos de engenharia e de meio ambiente da Entrevias Concessionária de Rodovias, responsável pela obra e concessão do trecho rodoviário, optaram pela suspensão imediata dos serviços no local, na etapa final do cronograma de duplicação da rodovia.

“Sabemos da importância deste material para a história e a ciência. Nossas equipes são treinadas para a observação e acionamento do corpo técnico sempre que identificada a presença de material fora dos padrões nas escavações ou na terraplanagem. Esta descoberta é motivo de comemoração para todos que estiveram envolvidos neste projeto de ampliação da ligação Marília-Júlio Mesquita”, afirma Fábio Milano, gerente de Engenharia da Entrevias.

“Desta forma, durante as obras de melhorias nas vias, se forem encontradas peças que são, na verdade, tesouros da humanidade, sabemos que a obra será suspensa e que o Condephaat (Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico Arqueológico, Artístico e Turístico) – nos caso de peças artísticas – e IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) – quando são peças arqueológicas – serão comunicados e os achados terão o destino adequado”, explica Pedro Umberto Romanini, superintendente da gerência de Meio Ambiente da Agência.

O desafio de extrair o fóssil intacto foi assumido por paleontólogos da empresa A Lasca e do Museu de Paleontologia de Marília. Iniciada com martelo e talhadeira, a operação meticulosa de retirada da formação rochosa no entorno do fragmento evoluiu para uma ferramenta de perfuração de impacto mínimo, para evitar qualquer trinca que prejudicasse a peça. Envolvido em uma dura camada de arenito – rocha formada por areia aglutinada e cimento natural, densa como quartzo -, o fóssil custou o trabalho de quase dois meses dos profissionais.

Agora, o exemplar, ainda na forma bruta, será encaminhado para o Museu de Paleontologia de Marília, onde será limpo. Em uma análise preliminar, acredita-se tratar-se do fêmur de um dinossauro do período cretáceo, conhecido como período final da “era dos dinossauros”, ocorrida há pelo menos 65 milhões de anos.  “Acreditamos tratar-se da pata de um Titanossauro. Após o salvamento e retirada da matéria do entorno teremos mais condições de estudá-lo detalhadamente”, afirma o geólogo Nilson Benuci, que conduziu as escavações para extração do fóssil.

Em 2009, na mesma região, no km 303, paleontólogos encontraram 70% do esqueleto de um titanossauro. Os fragmentos, mais de 50 peças, encontram-se na Universidade de Brasília (UnB).

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